A revolução industrial e a poluição.
Este trabalho tem por finalidade apresentar, como questão central, a degradação do meio em que vivemos; traz também alguns itens relacionados à forma com que nos relacionamos com o meio ambiente, as dificuldades em se viver nas grandes metrópoles, assim como os diversos problemas de saúde que estas cidades, devido à poluição, trazem à população. Para que tenhamos uma análise real da atual situação em que o planeta se encontra devemos analisar, primeiramente, a nossa relação com o meio; todas as nossas atitudes e o que fazemos para tentar mudar a atual situação.
Foi a partir da Revolução Industrial que a poluição passou a constituir um problema para a humanidade. Isso não apenas porque a indústria é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução Industrial representou a consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema sócio-econômico dominante hoje no planeta. E o capitalismo, que tem na indústria a sua atividade econômica de vanguarda, acarreta urbanização, com grandes concentrações humanas em algumas cidades. A própria aglomeração humana já é por si só uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas ambientais, como o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgotos, os congestionamentos de tráfego etc.
As riquezas do capitalismo, nada mais são do que mercadorias, isto é, bens e serviços produzidos, geralmente, em grande escala, para a troca e para o comércio. Praticamente tudo o que existe, e tudo que é produzido, passa a ser mercadoria com o desenvolvimento do capitalismo. Sociedades, indivíduos, natureza, espaço, mares, florestas, subsolo: tudo tem de ser útil economicamente, tudo deve ser utilizado no processo produtivo. O importante nesse processo não é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros em curto prazo. Assim, derrubam-se matas sem se importar com as conseqüências em longo prazo; acaba-se com as sociedades preconceituosamente rotuladas de “primitivas”, porque elas são vistas como empecilhos para essa forma de “progresso”, entendido como acumulação constante de riquezas, que se concentram sempre nas mãos de alguns.
A partir da Revolução Industrial, com o desenvolvimento do capitalismo, a natureza vai pouco a pouco deixando de existir para dar lugar a um meio ambiente transformado, modificado, produzido pela sociedade moderna.
O homem deixa de viver em harmonia com a natureza e passa a dominá-la. Contudo, esse domínio da tecnologia moderna sobre o natural traz conseqüências negativas para a qualidade de vida em seu ambiente. O homem, afinal, também é parte da natureza e depende dela para sobreviver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas transformações, já que elas nem sempre se devem a necessidades sociais da humanidade e sim, em grande parte, a interesses particulares de grupos e classes dominantes.
A degradação do meio ambiente.
O problema da poluição diz respeito à qualidade de vida das aglomerações humanas. A degradação do meio ambiente do homem provoca uma deterioração dessa qualidade, pois as condições ambientais são imprescindíveis para a vida, tanto no sentido biológico como no social.
Dá-se o nome de poluição a qualquer degradação (deterioração, estrago) das condições ambientais, do hábitat de uma coletividade humana. São chamados de poluentes os agentes que ocasionam a poluição, tais como um ruído excessivo, um gás nocivo na atmosfera, detritos que sujam rios ou praias ou ainda um cartaz publicitário que degrada o aspecto visual de uma paisagem. Seria possível relacionar centenas de poluentes e os tipos de poluição que ocasionam, mas vou me contentar em citar apenas alguns exemplos:
Uns desses exemplos são os agrotóxicos (inseticidas, pesticidas...), são muito utilizados para combater certos microorganismos e pragas, em especial na agricultura. Ocorre que a descarga desses produtos acaba por contaminar os alimentos com substâncias nocivas à saúde humana, às vezes até cancerígenas.
Outro exemplo é o das chuvas ácidas, isto é, precipitações de águas atmosféricas carregadas de ácido sulfúrico e de ácido nítrico. Esses ácidos, que corroem rapidamente a lataria dos automóveis, os metais de pontes e outras construções, além de ocasionarem doenças respiratórias e da pele nas pessoas, são formados pela emissão de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio por parte de certas indústrias. Esses gases, em contato com a água da atmosfera, desencadeiam reações químicas que originam aqueles ácidos.
Os movimentos ecológicos.
Nos países capitalistas desenvolvidos, que se constituem como “sociedades de consumo”, a poluição tende a alcançar graus elevados. A publicidade intensa, voltada para o lucro das empresas, convida as pessoas a consumirem cada vez mais. As embalagens plásticas, lata ou papel tornaram-se mais importantes do que o próprio produto. A moda se altera rapidamente para que os novos produtos possam ser fabricados e lançados no mercado. A cada ano que passa as mercadorias são feitas para durarem cada vez menos, para não diminuir nunca o ritmo de crescimento: um automóvel hoje é fabricado para durar no máximo quinze anos; as habitações construídas atualmente têm duração muito menor que as do passado e o mesmo se pode dizer das roupas, além de vários outros produtos.
Mas é justamente nesses países capitalistas desenvolvidos que os movimentos ecológicos, as reivindicações populares por um ambiente melhor estão mais avançados. Isso porque a tradição democrática nessas nações é mais antiga e mais forte. Uma das principais formas de se avançar com a democracia, hoje, consiste em lutar por uma melhor qualidade de vida, o que já vem ocorrendo com as associações de consumidores, que lutam por seus direitos, com as organizações de moradores, que reivindicam certas melhorias em seus bairros ou lutam contra a instalação de alguma indústria poluidora etc.
Além disso, os cidadãos de certos paises estão exigindo e, em boa parte, conseguindo a aprovação de leis que combatam a poluição e facilitem os processos judiciais contra empresas que poluem o ambiente. Tudo isso leva os governos desses países desenvolvidos que, normalmente, têm uma certa preocupação com eleições e votos a se voltarem para a questão do meio ambiente, com planos de reurbanização de certas cidades, com a intensificação da fiscalização sobre as empresas poluidoras e com alguns tímidos projetos de reflorestamento ou preservação das poucas matas originais que restam em seus territórios.
A poluição ambiental nos países subdesenvolvidos.
Nos países subdesenvolvidos, a degradação ambiental tende a aumentar cada vez mais. O desenvolvimento do capitalismo, especialmente sob a forma atual das empresas multinacionais, vem intensificando-se nesses países. A destruição das florestas tropicais é um processo que está ocorrendo há muitos anos. A “industrialização” do campo, com a mecanização, uso intensivo de agrotóxicos e adubos químicos etc., vem contaminando os alimentos e as águas de rios, lagos e lençóis subterrâneos.
Vem ocorrendo também a transferência de certos tipos de indústrias, geralmente as mais poluidoras ou as que necessitam de maior quantidade de mão de obra dos países capitalistas desenvolvidos para certas áreas dos países subdesenvolvidos. Nestas áreas, além de os salários serem bem mais baixos do que nos países capitalistas desenvolvidos, estas empresas não encontram leis rigorosas de proteção ao meio ambiente. Portanto, não são obrigadas a instalar filtros especiais nas chaminés, sistemas de tratamento de resíduos e outros processos antipoluidores, que iriam aumentar as despesas ou, às vezes, diminuir seus lucros.
A poluição dos rios e oceanos.
Desde os tempos mais remotos o homem costuma lançar seus detritos nos cursos de água. Até a Revolução Industrial, porém, esse procedimento não causava problemas, já que os rios, lagos e oceanos têm considerável poder de autolimpeza, de purificação. Com a industrialização, a situação começou a sofrer profundas alterações. O volume de detritos despejados nas águas tornou-se cada vez maior, superando a capacidade de purificação dos rios e oceanos, que é limitada. Além disso, passou a ser despejada na água uma grande quantidade de elementos que não são biodegradáveis, ou seja, que não são decompostos pela natureza. Tais elementos, por exemplo, os plásticos, a maioria dos detergentes, os pesticidas, vão-se acumulando nos rios, lagos e oceanos, diminuindo a capacidade de retenção de oxigênio das águas e, conseqüentemente, prejudicando a vida aquática.
A água empregada para resfriar os equipamentos nas usinas termoelétricas e atomelétricas e em alguns tipos de indústrias também causa sérios problemas de poluição. Essa água, que é lançada nos rios ainda quente, faz aumentar a temperatura da água do rio e acaba provocando a eliminação de algumas espécies de peixes, a proliferação excessiva de outras e, em alguns casos, a destruição de todas.
A poluição atmosférica.
A poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e partículas sólidas no ar. A principal causa desse fenômeno são as eliminações de resíduos por certos tipos de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, de cimento etc.) e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aquecimento doméstico.
Nos grandes centros urbanos, tornam-se freqüentes os dias em que a poluição do ar atinge níveis críticos, seja pela ausência de ventos, seja pelas inversões térmicas, que são períodos nos quais cessam as correntes ascendentes do ar, importante para a limpeza dos poluentes acumulados nas camadas próximas à superfície.
Calcula-se que a poluição do ar tenha provocado um crescimento do teor de gás carbônico na atmosfera. Os desmatamentos contribuem bastante para isso, pois a queima das florestas produz grande quantidade de gás carbônico. Como este gás possui a propriedade de absorver calor, pelo chamado “efeito estufa”, um aumento da proporção desse gás na atmosfera pode ocasionar um aquecimento da superfície terrestre. Outra importante conseqüência da poluição atmosférica é o surgimento e a expansão de um buraco na camada de ozônio.
Os problemas ambientais dos grandes centros urbanos.
De modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes cidades que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição atmosférica, as metrópoles apresentam outros problemas graves:
· Acúmulo de lixo e de esgoto. Boa parte dos detritos pode ser recuperada para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece. Normalmente, esgotos e resíduos de industrias são despejados nos rios. Com freqüência esses rios “morrem” e tornam-se imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos, trazendo doenças à população.
· Congestionamentos freqüentes, especialmente nas áreas em que o automóvel particular se desenvolveu mais que o transporte coletivo. Muitos moradores da periferia das grandes cidades, em sua maioria de baixa renda, gastam três ou quatro horas por dia só no caminho para o trabalho.
· Poluições sonoras, provocadas pelo excesso de barulho. Isso pode ocasionar neuroses na população, além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva.
· Carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de lazer e recreação...). Em decorrência da falta de áreas verdes agrava-se a poluição atmosférica, já que as plantas, através da fotossíntese, contribuem para a renovação do oxigênio do ar. Além disso, tal carência limita as oportunidades de lazer da população, o que faz com que muitas pessoas acabem passando seu tempo livre na frente da televisão, ou assistindo a jogos praticados por esportistas profissionais (ao invés de eles mesmos praticarem esportes).
· Poluições visuais, ocasionadas pelo grande número de cartazes publicitários, pelos edifícios que escondem a paisagem natural e etc. Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo aí é artificial; e quando é algo natural, sempre acaba apresentando variações, modificações provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles, o denominado clima urbano, um tipo especifico de clima, constitui um exemplo disso. Nas grandes cidades normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas.
A conscientização dos problemas causados pelos atuais modelos econômicos e de desenvolvimento.
Como podemos perceber, os problemas em que estamos mergulhados dizem respeito à forma com que encaramos nossas responsabilidades. A maneira com que resolvemos essas questões ambientais deve, mais do que nunca, ser reavaliada, pois estamos à frente das dificuldades geradas por nós mesmos, uma vez que, as formas das estruturas econômicas e das estruturas mentais dos grupos humanos que habitam os diferentes espaços geográficos são também partes integrantes deste sistema.
Para que haja desenvolvimento, em toda parte do globo, é preciso que sucessivas mudanças na área social sejam realizadas, pois não há, neste momento, como uma nação desenvolver-se equilibradamente com o meio ambiente, (principalmente nos países em desenvolvimento).
O subdesenvolvimento representa um tipo de poluição humana localizada em alguns setores abusivamente explorados pelas grandes potências industriais do mundo. O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. Como todos sabemos, o subdesenvolvimento é um produto ou subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica que é exercida nesses países, por parte das superpotências que dominam o planeta dos macacos.
É indiscutível que a forma de desenvolvimento atual é um total fracasso, mas é indiscutível também que se pode chegar a desenvolver um mundo com estruturas sócio-econômicas e instrumentos de produção diferentes dos que se usam atualmente. É imprescindível retransformar a economia de guerra em que vivemos numa economia de paz, voltada para a obtenção de um tipo de desenvolvimento pacifico, mais igualitário e não poluidor. É necessário, portanto, repensar o nosso modo de vida, o consumismo, a produção voltada unicamente para o lucro e sem nenhuma preocupação com o planeta em que vivemos. Talvez a grande e única novidade desta crise ambiental que estamos vivendo, sirva unicamente para nos fazermos a seguinte indagação: Para onde estamos caminhando? Com certeza absoluta, posso reafirmar aqui, que desta maneira, caminhamos para um abismo do qual não há maneiras de se salvar.
Conclui-se, portanto, que para termos condições de nos desenvolvermos de uma forma equilibrada com o meio ambiente, é preciso, antes de tudo, desenvolver um novo conceito em nossa sociedade; Este novo conceito, que me refiro agora, diz respeito à qualidade de vida e não ao consumismo desenfreado do mundo capitalista. Novas idéias, novas propostas se fazem necessário, uma vez que, o aumento descontrolado da população mundial faz com que tenhamos um aumento ainda maior no consumo de produtos nocivos à saúde humana e principalmente à saúde do planeta.
Ramos, Edu. Texto de