quarta-feira, abril 29, 2009

O Homem e o Meio em que vive.

Partindo de uma visão holística, passamos a compreender a necessidade de construirmos uma nova concepção de humanidade. Uma nova maneira de enxergamos este meio em que vivemos e onde atuamos, uma vez que necessitamos dele para sobreviver.
De acordo com Fritiof Capra: “reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar comunidades sustentáveis, nas quais podemos satisfazer nossas aspirações e nossas necessidades sem diminuir as chances das gerações futuras”. Concordo com este, desde que essa educação seja, realmente, a chave para construirmos uma geração que respeite o meio ambiente e consequentemente a vida.
Vida, esta, que a partir da Revolução Industrial, e com o conseqüente desenvolvimento do capitalismo, sofreu uma série de mudanças que colocou o homem e o seu bem-estar em segundo plano. É verdade que essa dominação já vinha ocorrendo há muito tempo, mas é verdade, também, que oficialmente, o bem estar dos homens e da natureza foi, pouco a pouco, deixando de existir para, nesse período, dar lugar a um meio ambiente transformado, modificado, produzido pela sociedade moderna cujo único objetivo era o da exploração. Nesse momento, tanto o homem quanto a natureza passou a ser controlado e explorado oficialmente pelo capital mundial.
Pode-se dizer, então, que o homem deixa de viver em harmonia com a natureza e passa a dominá-la. Contudo, esse domínio da tecnologia moderna sobre o natural trouxe não só benefícios, mas, principalmente, conseqüências negativas para a qualidade de vida em seu ambiente. O homem, afinal, também é parte da natureza e depende dela para sobreviver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas transformações, já que elas nem sempre se devem a necessidades sociais da humanidade e sim, em grande parte, a interesses particulares de grupos e classes dominantes.
Como podemos perceber, os problemas em que estamos mergulhados dizem respeito à forma com que encaramos nossas responsabilidades. A maneira com que resolvemos essas questões ambientais deve, mais do que nunca, ser reavaliada, pois estamos à frente das dificuldades geradas por nós mesmos, uma vez que, as formas das estruturas econômicas e das estruturas mentais dos grupos humanos que habitam os diferentes espaços geográficos são também partes integrantes deste sistema.
Para que haja desenvolvimento, em toda parte do globo, é preciso que sucessivas mudanças na área social sejam realizadas, pois não há, neste momento, como uma nação desenvolver-se equilibradamente com o meio ambiente, (principalmente nos países em desenvolvimento).
O subdesenvolvimento, ao qual estamos ligados, representa um tipo de poluição humana localizada em alguns setores abusivamente explorados pelas grandes potências industriais do mundo. O subdesenvolvimento não é como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. Como todos sabem, este subdesenvolvimento é um produto ou subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica que é exercida nesses países por parte das superpotências que dominam o planeta. 
É indiscutível que a forma de desenvolvimento atual é um total fracasso, mas é indiscutível também que se pode chegar a desenvolver um mundo com estruturas sócio-econômicas e instrumentos de produção diferentes dos que se usam atualmente. É imprescindível retransformar a economia de guerra em que vivemos numa economia de paz, voltada para a obtenção de um tipo de desenvolvimento pacifico, mais igualitário e não poluidor. É necessário, portanto, repensar o nosso modo de vida, o consumismo, a produção voltada unicamente para o lucro e sem nenhuma preocupação com o planeta em que vivemos.   


Ramos, Edu. Texto de 

Análise dos textos de Eric Hobsbawm (Sobre a História).


Este trabalho tem por objetivo apresentar os textos de Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fenart (Teorias da Etnicidade), bem como o artigo de Edgar Salvadori de Deca (As metáforas da identidade em raízes do Brasil: decifra-me ou te devoro), em auxílio a uma análise dos textos de Hobsbawm (Dentro e fora da História e Não basta a História da Identidade) apresentados em seus ensaios “Sobre a História”.
Como bem sabemos, questões relacionadas ao pertencimento fazem parte de incontáveis estudos e discussões, no entanto devemos estar atento para as mais variadas versões históricas que abundam nos dias de hoje. Isto é o que nos alertam os historiadores preocupados com a história que vem sendo feita; muitas vezes criadas de acordo com a imaginação de certos autores e com nenhuma preocupação com os fatos históricos.
 Dessa maneira, os textos de Hobsbawm, já citados, introduzem o leitor a uma das indiscutíveis necessidades do homem: o pertencimento. A idéia que fazemos de uma sociedade, seja ela qual for, passa antes por uma inevitável comparação histórica com nossa própria sociedade. Pois segundo Eric o passado é um elemento essencial para a formação de nossa identidade cultural e também para as mais diversas ideologias, sejam elas: nacionalistas, étnicas ou fundamentalistas. 
    Em outras palavras, falar de identidade é falar daquilo que nos caracteriza ou o que os antropólogos entendem por etnicidade: traços que exprimem o aspecto auto-reflexivo de uma cultura e que pode vir a representar um ponto forte de afirmação de uma coletividade. Esta etnicidade, segundo Poutignat e Streiff-Fenart, não se manifesta sob condição de isolamento, é, ao contrário, a intensificação das interações do indivíduo com o mundo que torna salientes tais identidades étnicas.
 Entende-se, então, que a pouca ou total ausência dessas interações podem ser supridas pela manipulação do passado, capaz de fornecer algo que o presente não pode proporcionar. Pois, o esquecimento ou mesmo a má interpretação de tais fatos pode representar um fator essencial na formação de uma nação. É o que Edgar Deca nos fala em seu artigo, quando se refere às metáforas utilizadas por Buarque de Holanda na tentativa que se teve de construir um ideário nacional brasileiro, e o que também é reiterado, inúmeras vezes, por Eric Hobsbawm. 
Conclui-se, portanto, que independentemente de uma identidade étnica ter sido criada ou inventada, não implica, necessariamente, que não seja autêntica ou que as pessoas que a reivindicam estejam agindo de má fé.  Pois, de acordo com o que foi visto aqui, tais memórias podem, sim, serem frutos de um passado glorioso, mas também podem ter sido, tão somente, fruto de um inigualável sofrimento compartilhado por algum determinado grupo social.


 Referencias bibliográficas. (Edu Ramos. trabalho universitário)

· Poutignat, Philippe e Streiff-Fenart, Jocelyne. Teorias da Etnicidade (Seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth). Capítulos 5 e 6. SP. Ed. Unesp, 1998.
· de Deca, Edgar Salvadori. As metáforas da identidade em raízes do Brasil: decifra-me ou te devoro. Artigo do Scielo. 2006.
· Eric Hobsbawm. Sobre História (Ensaios). SP. Companhia das Letras. 1998.

A Homossexualidade na Grécia Clássica "Atenas-Esparta'


A HOMOSSEXUALIDADE NA GRÉCIA ANTIGA

"Embora ser homossexual ainda é sofrer preconceitos e discriminações, como se o amor pelo mesmo sexo fosse uma aberração, devemos, no entanto, ter em nossa mente de que desde que descemos das árvores o amor entre iguais, salvo raras exceções, foi discriminado, como veremos no decorrer do trabalho.
Assim, não pode causar espanto, mesmo hoje, que no mundo conhecido o amor entre seres do mesmo sexo seja visto por uma grande maioria como uma anormalidade, um ato que foge as regras conhecidas, da mesma forma como é discriminada, ou pelos menos, vista com certo ar de preconceito, o fato, por exemplo, de termos seis dedos ou, no caso de pessoas do sexo feminino, deixar crescer pêlos em parte do corpo, pernas principalmente, que embora não nos afete, a sociedade olha para seres que assim vivem como seres estranhos ao meio social.
Feito isto, mesmo com os preconceitos incutidos no cérebro do ser humano, tanto o ser Homo quanto o ser heterossexual, são, na realidade, orientações sexuais que habitam o mesmo espaço físico, ou seja, a comunidade em que vivem e, portanto, como não poderia ser diferente, convivem lado a lado desde os primórdios da humanidade. Alguns dos textos que lemos nos apontam que estudos antropológicos já realizados em todo o mundo que demonstram, inclusive, ter havido sociedades primitivas em que ser homossexual não era impedimento para exercer papel importante junto à comunidade, como, por exemplo, conselheiros e curandeiros, entre outros encargos de relevada importância dentro da sociedade de então." 

A palavra homossexual, pelo que sabemos, foi cunhada no século XIX e é uma combinação do termo grego homo, (homo=igual), com o termo latim sexus, que determina o órgão genital do ser humano. Estudos nos levam a acreditar que a opressão a homossexualidade em parte é possível de ser explicada no mesmo contexto em que originou a discriminação e a opressão contra as mulheres. A introdução do conceito de propriedade privada e a transformação das antigas sociedades matriarcais em patriarcais, analisado por Engels em a Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, por exemplo, provocou alterações nas relações sociais e sexuais. A necessidade de se determinar quem era o herdeiro das propriedades acumuladas submeteu as mulheres ao domínio masculino, e assim, provavelmente teve início à discriminação as relações sexuais que não tivesse na reprodução “controlada” seu objetivo.

Esse processo, obviamente, teve ritmos próprios nas diferentes sociedades do mundo antigo e, em civilizações como a romana, e principalmente na civilização grega, a homossexualidade seguiu sendo respeitada quando, quando, obviamente, ligada aos rituais sagrados. Na iniciação dos adolescentes a vida adulta, como também ao aparato militar, vide “o bando sagrado de Tebas”, que foi exército formado exclusivamente por homossexuais masculinos-. A expansão do cristianismo como religião dominante trouxe a discriminação contra os homossexuais e adquiriu formas elaboradas, sendo então a prática da homossexualidade a ser condenada e punida de forma exemplar pela sociedade, tornando, desta forma, que aquela relação sexual que não tivesse como conseqüência produzir descendentes dentro de um dado modelo familiar, era considerada imoral.

Talvez tenha sido no Oriente Médio a primeira manifestação escrita sobre a homossexualidade masculina, onde por volta de 2000 a.C, o Épico de Gilgamesh, poema babilônico do período do Império Assírio, cujo principal personagem, Gilgamesh, Rei de Uruk, guiado pela interpretação de um sonho em que um homem muito forte cai sobre si e acaba por unir-se a um companheiro para governar como soberano seu país com muito mais força e destreza. Acredita-se que na maioria das antigas civilizações da Ásia Menor existia casamento legal entre homens e meninos. A contrário senso, o povo hebreu (que viria influenciar profundamente o posterior cristianismo) passou a proceder de maneira a reiterar segregação e rejeitar costumes estrangeiros sob pretexto de proteger seu povo, na verdade, objetivando destruir similaridades com os estrangeiros como forma de enfatizar o nacionalismo emergente. Ainda que nos textos mais antigos (Segundo Livro dos Reis, XXIII, 7) a presença de prostitutos masculinos fosse tolerada, com Levíticos (XX, 13) (que passou a condenar severamente também a nudez e o adultério) surge o claro edito de que um homem não deve se deitar com outro homem como se deitaria com uma mulher, sob pena de ambos terem cometido uma abominação e, assim, serem submetidos à morte. Eis a primeira informação que faria às vezes da ditadura homofóbica posterior. Da mesma forma, segundo os textos conhecidos, tempos depois também a homossexualidade feminina seria condenada.

NA GRÉCIA ANTIGA – ATENAS E ESPARTA

Na Grécia Antiga a relação sexual entre os homens, o que conhecemos hoje como homossexualismo, segundo os textos e interpretações de figuras feitas por estudiosos do assunto, eram quase sempre orientadas para determinados fins específicos e, certa forma, ultrapassava a simples busca do prazer sexual. A relação homossexual masculina era aceita entre homem adulto e um jovem, que visava à formação deste jovem, isto tanto em Esparta quanto em Atenas.

Em Esparta, o amor entre os soldados fortalecia o exército, porém, não se excluía a relação com mulheres, no presente ou no futuro, somente com o advento do cristianismo é que a relação entre homens passa a ser vista como pecaminosa.

O helenista inglês Kenneth J. Dover, baseia seus estudos sobre o homossexualismo masculino na Grécia antiga em representações de ânforas, segundo Dover, a sociedade grega era favorável ao relacionamento homossexual masculino entre um adulto e um jovem, e, se este não fosse cortejado sentia-se rejeitado. Geralmente a corte se dava com o rapto do jovem que era levando ao campo, onde havia a caça e, posterior a isso, seus amigos o tentavam resgatar. Com o resgate conseguido tornava-se a gesta, sendo então, neste momento, o jovem presenteado pelo seu amante conquistador, também sendo neste momento a oportunidade que tinha o jovem de pronunciar-se a respeito dos fatos ocorridos.

Se o jovem se pronunciar negativamente sobre atos, isto é, se tivesse havido violência, por exemplo, o conquistador seria penalizado. Nesta relação, era considerado mais viril aquele que praticasse a penetração intrafemural. A relação homossexual aceita era esta, entre um adulto e um jovem, a relação entre adultos era rejeitada entre os gregos, seria algo abominável aos seus olhos. 

No exército, na relação homossexual, geralmente o jovem de aspecto mais feminino era o parceiro “passivo”, enquanto aquele com aspecto mais viril seria o “ativo” desta relação. O habitual era o homem mais velho se apaixonar e tentar conquistar o jovem, nesta conquista, aquele é incentivado a persistir na sua tentativa enquanto espera-se que o jovem resista a esta investida, sendo, na verdade um jogo, pois, o jovem se não conquistado sente-se rejeitado na sociedade. O que ocorre hoje nas relações heterossexual não é mera coincidência, o rapaz tenta conquistar a moça, esperando que ela diga "não", até que a conquista a faça dizer "sim". 

Na Grécia de então, havia a aceitação moral e até o incentivo social do homossexual masculino, porém, era condenada a relação que o jovem demonstrasse sentir prazer sexualmente ou, ainda, que após o ritual de passagem permaneciam como passivos, ritual esse que durava "até o nascer barba" (puberdade).

Heródoto, ao nos falar da adaptabilidade dos persas, nos diz da disposição destes em adotar costumes de outros povos, que eles, dos gregos, adotaram a pederastia, classificando-a “como uma das boas coisas da vida”. Já Homero nos fala que o mais belo jovem do mundo, Ganímedes, é dado a Zeus como encarregado de servir os vinhos, porém, como se sabe, a beleza física ajuda mas, não é uma boa qualificação para servir vinho, pois, tal tarefa a melhor qualificação é ter mãos firme, e, na maioria das vezes, o jovem era indicado pela própria família.

Na análise dos textos, são impressionantes os relatos a respeito da homossexualidade na antiguidade e, salvo raríssimas exceções, todos os grandes nomes da época, sejam filósofos, políticos, soldados ou poetas, entre outros, a saber: Platão, Aristóteles, Sócrates, Aristófanes e Alexandre o Grande, terem mantido relações homossexuais ou tratado destas em suas obras de maneira receptiva.

Em Esparta, quando o jovem estava complicações, as autoridades procuravam o seu erastes, não o pai, pois, aquele é quem era o responsável pelo jovem, o que era uma das características de muitas sociedades guerreiras, sendo que, em Esparta havia o costume do guerreiro entre 18 e 25 anos manter em sua companhia uma pessoa mais jovem, geralmente um menino, já que não era permitida a presença de mulheres no acampamento, sendo, então, a copulação com o menino, em geral, entre as coxas deste. Quando terminado o serviço militar o jovem presenteava o menino com armas, um escudo e lança, depois partia e, em regra, se casava, passando, assim, por uma fase homossexual, socialmente aceita, que assim era interrompida, tornando-se, então, heterossexual.

O caráter institucional da homossexualidade na Grécia não permitia a formação de uma sub-cultura já que, conforme visto, ocupava uma posição central na sociedade e, a pederastia militar também existiu desde tempos antigos, ainda que em várias fases da antiga civilização grega apresentasse posicionamento por vezes diverso quanto à questão homossexual, variando de intensidade, porém, a permissividade social sempre existiu.

Em Esparta a pederastia fazia parte da educação, sendo recomendado aos jovens da aristocracia que tivessem amantes do mesmo sexo. O hábito mais usual referente à homossexualidade era o de senhores terem jovens rapazes, aos quais deviam ensinar os métodos do sexo, sendo, também, estimulada as relações entre os componentes do exército espartano que tinha por objetivo torná-lo mais forte. O estímulo dado pelos comandantes a essas relações era o fato de acreditarem que os amantes, além de lutarem, jamais um iria abandonar o outro no campo de batalha, por exemplo, o Batalhão Sagrado de Tebas, que era famoso por suas vitórias e que era formado por casais de homossexuais.

LESBIANISMO NA GRÉCIA ANTIGA 

Segundo se sabe, foi na Grécia que surgiu a maior expressão da homossexualidade da civilização antiga, não apenas por ter a pederastia alcançado o status de instituição, levado, inclusive, de forma saliente, à reflexão filosófica, conforme já visto, mas, também, porque foi o local para a homossexualidade feminina, porém, esta menos falada, mas, sem dúvida, complementar a pederastia.

Neste contexto surgiu a preocupação grega a respeito do fenômeno das Amazonas, suposta tribo mulheres guerreiras e que teriam habitado às margens de um rio na Ásia Menor, cujas normas permitiriam relações heterossexuais tão somente uma vez por ano e para a procriação. Dos nascidos destas relações, as meninas eram mantidas na tribo e os meninos ou eram mortos ou enviados às tribos de seus pais, sendo que, a relação sexual era entre ás Amazonas, que, segundo os textos, tinham na prática homossexual uma origem religiosa, fundamentada na necessidade de desenvolver nessas mulheres guerreiras aquelas qualidades essencialmente consideradas masculinas.

Na ilha Lesbos, a poetisa Safo, constrói belos versos que glorificavam a homossexualidade feminina e dedicava suas estrofes a relação sexual mantida entre as mulheres. Safo era considerada a "Décima Musa" por Platão, inclusive teve a poetisa sua face estampada em moedas, em vasos, além de ser erguida uma estátua sua em ponto de destaque.

Segundo o filósofo Máximo de Tiro, tanto Safo quanto Sócrates tinham a mesma linha de pensamento, além de obras semelhantes, muito embora tivessem vivido em séculos diferentes, no entanto, Safo era reconhecida e elogiada por sua beleza por renomados como Platão e Sócrates, sendo que, grande parte de sua obra foi destruída pelos posteriores cristãos, que acreditavam tratar-se de grave ameaça à moralidade, da qual se intitulavam guardiões. Safo e suas alunas acabaram outorgando às moradoras da Ilha de Lesbos a fama de voluntariosas e sexualmente independentes, sendo que, este local ficou também conhecido como grande celeiro lírico. Em 1073, em Constantinopla, atual Istambul, o papa Gregório VII ordenou que todos os versos de Safo e de Alceu, também adepto dos versos alcaios, fossem queimados, sendo que, o que ainda teria restado foi perdido no incêndio da Biblioteca de Bizâncio em 1453.

PEDERASTIA

Na Grécia a relação sexual entre pessoas adultas do mesmo sexo não era comum, quando ocorria, era reprovada, principalmente entre dois homens, já que havia a grande preocupação com a questão da passividade. Um homem não podia ter complacências passivas com outro homem, menos ainda se esse homem fosse um escravo ou, então, de uma classe inferior. Conforme já falado retro, na era a pederastia excludente, pelo contrário, o fato do homem adulto ter esposa não era impedimento para também se relacionasse com um adolescente, tão pouco o fato de relacionar-se com um adolescente significava o fim do seu casamento, pois, a pederastia dificilmente alterava a imagem do homem perante a sociedade já que o amor ao belo, ao sublime e o cultivo da inteligência e da cultura não tinha sexo.

O que era condenável era a busca do sexo pelo sexo, além, é claro, do componente etário, já que a relação de pederastia incluía, entre outros, a questão do status social e, nesse sentido, deveria o homem ter ascendência intelectual, cultural e econômica sobre o adolescente, afinal, ele é quem deveria complementar a formação do jovem, iniciando-o nas artes do amor, no estudo da filosofia e da moral. Havia todo um ritual no envolvimento de aproximação do homem interessado por um adolescente, e a “corte”, para ser aceita pelo jovem, teria, necessariamente, de ser, além de bela, com moralidade, ou seja, teria que ser de acordo com os costumes de então, e os papéis desempenhados por ambos os amantes eram bem definidos, o erastes fazia a corte ao erômeno, que se deixava conquistar ou não.

O homem, ao cortejar, presenteava, prestava favores, ia ao ginásio ver o adolescente se exercitar, que geralmente se exercitava nu, praticava com ele os exercícios físicos até a exaustão, uma vez que já não mais possuía o mesmo vigor físico da juventude, enquanto, ao adolescente, por sua vez, deveria ser gentil e ao mesmo tempo por à prova o amor do pretendente. A conquista era incerta, pois caberia ao jovem a palavra final, pois, o que estava em jogo era a educação do futuro cidadão e toda conduta que evocasse excesso ou passividade entre o erastes e o erômeno, era considerada indigna, sem valor, podendo inclusive, no caso deste último, perder o “status” social que possuía. O eraste, “pedagogo”, “amante” ou “homem adulto” , como queiram, jamais poderia ser “passivo” na relação amorosa, e isso significava não poder ser penetrado, pressionado física ou moralmente a ceder os avanços sexuais do erômeno ou erômenes, ou de nenhum outro cidadão, muito menos de um escravo, ou, ainda, ser subordinado com presentes, promessas ou com dinheiro. A virilidade era reforçada, os atos dos amantes deviam ser comedidos, evitando exageros apaixonados, o prazer devia estar a serviço do cidadão da polis grega, já que a vida pública era destinada à política, ou seja, entre dois homens adultos, era impensável que se mantivesse contatos físicos, coito anal e manifestações apaixonadas, pois a pederastia era a forma mais nobre de amor entre os gregos, que deveria acabar logo que aparecesse no adolescente o primeiro sinal de virilidade, a primeira barba, que, em regra era por volta dos 17 ou 18 anos.

Com o advento da virilidade, a relação homossexual era reprovável, principalmente para o homem mais velho, pois, estaria se envolvendo com outro homem, e a pederastia era recomendada como louvável e praticada por toda a elite moral, intelectual, política, artística, guerreira e religiosa de uma sociedade culturalmente sofisticada como a grega.

Diante dos relatos que nos chega via textos e pesquisas e querer discriminar as relações homossexuais dos gregos com a visão de hoje do conceito da homossexualidade é, cair no erro crasso de nomear a pederastia grega de desvio de conduta, como hoje é vista a homossexualidade por juristas, médicos, psiquiatras, etc..., é cair no mesmo erro crasso de se pensar que na Antigüidade existia uma patologia ou um distúrbio sexual inerente dos desejos afetivos e sexuais do erastes e do erômeno, concebendo-os como seres desviantes, doentes, “perversos”, “degenerados”, de personalidade “anormal” e passíveis de cura, enfim, é taxar o desconhecido como algo abominável, o que, no mínimo é um erro imperdoável a pessoas teoricamente cultas.

ESCRAVOS E TIRANOS

Alguns autores dizem que Sólon, (c.640-c.558 a.C), grande legislador e considerado um dos sete sábios da Grécia, não resistia ao charme dos rapazes. Embora tenha criado importantes leis, como a que estimulava uma maior participação dos cidadãos pobres na vida política, lhes proporcionava mais acesso à justiça, também ele proibiu ao escravos de terem amantes, o que nos leva a pensar que não eram incomuns as relações homossexuais entre escravos e homens livres, pois, dado a situação de escravo estava este sujeito a ser “usado” a critério de seu “dono”. Se o amor o amor é cego, como dizem, talvez tenha sido esta a explicação para a maleabilidade de Sólon, praticamente o responsável pela instituição da democracia em Atenas frente aos atos tirânicos de seu parceiro, Pisístrato, que teria usurpado o poder em 561 a.C, mas foi deposto duas vezes, em 556 e 552 a.C., porém, em 538 novamente Atenas estava sob a guarda dele. Muitos alegam que Sólon poderia ter agido com maior austeridade para coibir os abusos do amado, o que não aconteceu, preferiu apenas abandonar o tirano Pisístrato, que por sua vez, foi consolar-se nos braços de Carmo e a quem Pisístrato dedicou à estátua de Eros da Academia de Filosofia, onde era acesa a chama sagrada.

Para o escritor Plutarco, que viveu entre 46 ou 49-125 d.C., em várias cidades gregas o tiranicídio teria sido resultado da intervenção dos governantes nas relações homossexuais dos cidadãos envolvidos em revoltas contra o poder. Na época de Aristóteles, a tumba do legislador Filolau, o Coríntio, e de Diocles, atleta olímpico virou ponto turístico. O casal teria vivido junto em Tebas, onde foram enterrados juntos, como era tradição. Outro costume da época era a exposição, literalmente, do amor, onde o amante apaixonado escrevia o nome do seu amor em paredes, árvores e muros, sendo isto o que fez Fídias, um dos maiores escultores gregos, que teria gravado o nome do namorado no dedo da estátua de Zeus em Olímpia: "Belo Pantárquio".

Muitos dos relacionamentos amorosos tinham início nas aulas de ginástica nas quais homens e mulheres praticavam exercícios totalmente nus, e, conforme já dito anteriormente, em Esparta e em Creta o amor entre os soldados era parte fundamental da educação militar, também entre os macedônios o amor grego também teve muitos adeptos, como por exemplo, o amor vivido por Alexandre, o Grande (356-323 a. C) e seus grandes amores, Hefestião e o eunuco Bágoas, sendo que, por ocasião da morte de Hefestião Alexandre foi tomado pelo desespero, ficando três dias sem nada comer, cortou os cabelos e decretou luto oficial, preparando, ainda, um funeral majestoso e dirigindo ele próprio a carruagem fúnebre. Se somente isto não bastasse, mandou cortar as crinas dos cavalos e das mulas e demolir as seteiras das muralhas das cidades a fim de que parecesse que até as muralhas mostravam luto.

Alexandre, embora nunca tenha abandonado o eunuco Bágoas, casou-se com uma prisioneira persa, Roxana.


CONCLUSÃO

Os textos trazidos mostram que a discriminação ao homossexualismo ocorre geralmente em civilizações onde a crença religiosa está mais inserida na sociedade, o que não era o caso dos povos da antiguidade, e, menos ainda, em povos que tinham uma cultura avançada para a época e que, de certa forma, cultivavam vários deuses. Assim, como os gregos citados no presente trabalho, onde o amor, embora livre, exigia um determinado ritual e por um determinado tempo, sendo raro e condenável quando esses procedimentos não eram respeitados, porém, jamais a condenação dentro das sociedades onde era permitido e até incentivado o amor com o intuito de iniciação.

Nas pesquisas elaboradas para o presente trabalho constatamos que ainda hoje em muitas tribos de nativos distanciados das ditas “civilizações”, ainda existe o ritual de passagem e iniciação sexual, onde homens adultos e jovens mantém uma relação homossexual. Os nativos da tribo Sambia, da Nova Guiné, em ritual de iniciação, onde o menino a partir dos sete anos pratica atos homossexual teoricamente passivo, em que além de sungar e beber o esperma dos adultos solteiros da tribo chegando, inclusive, à condição de feláveis, ato que é praticado até a puberdade, quando então passa a produzir seu próprio esperma, e, ao atingirem a idade adulta, casam e passam  a ser  exclusivamente  heterossexuais e nunca mais devem felar ou ser felados.

Desta forma, a homossexualidade pode, de certa forma ter um lado biológico, porém, como podemos perceber, na maioria dos casos é um processo cultural de passagem e, não somente do ser masculino mas, também, do indivíduo feminino, talvez tenhamos poucas informações, até mesmo devido ao processo discriminatório que são impostos as mulheres. 

Bibliografia Pesquisada: (Edu Ramos. trabalho universitário)

DOVER, K.J. A homossexualidade na Grécia antiga, tradução Luís Sérgio Krausz. – São Paulo. Editora Nova Alexandria, 1994.
ENSAIOS HOMOERÓTICOS, O Homoerotismo na antigüidade clássica. http://www.revistapsicologia.com.br/main.shtml.
Sobre a homossexualidade na Grécia Antiga, Luiz Augusto de Freitas Guimarães NetHistória, História Geral, 
http://www.faroldigital.com.br QUEER 2_arquivos\queer_historia.htm


Egito


Localização: está localizado no nordeste do continente africano, ao longo das margens do rio Nilo.
O meio geográfico: as cheias periódicas do Nilo transformavam o Egito em um oásis em meio ao deserto do nordeste africano. As cheias começam no final de junho e atingem seu volume máximo em setembro. A importância do Nilo para o Egito era tão grande, que os egípcios o consideravam como um de seus deuses.
Contribuições:
Os egípcios desenvolveram um complexo sistema de escrita, chamada hieroglífica. Os hieróglifos, palavra grega que significa caracteres sagrados, eram constituídos de pequenos desenhos com múltiplos significados. Estes desenhos foram decifrados apenas em 1822, por um professor de história, o francês Jean François Champollion.
A era dos Faraós:
Por volta do quarto milênio a.C., existiam no vale do Nilo pequenas comunidades chamadas de nomos, cada uma delas chefiada por um líder, chamado nomarca. Com o tempo estas comunidades passaram a formar dois reinos distintos, correspondentes ao Alto e ao Baixo Egito.
O Alto Egito ficava ao sul; enquanto que o Baixo Egito estava localizado ao norte, em torno do delta formado pelo rio ao desaguar no mar Mediterrâneo.
Por volta de 3200 a.C., Menés, soberano do Alto Egito, impôs a unificação dos dois reinos, tomando para si o titulo de faraó e transformando o Egito no primeiro estado nação.
Quatro períodos de poder:
Antigo Império, cerca de 3200-2000 a.C. (Quéops, Quéfren e Miquerinos). Caracterizou-se pela desorganização do poder central, as diversas crises e o enfraquecimento do poder do faraó.
Médio Império: (2000-1580 a.c). O poder do faraó foi restabelecido por governantes do Alto Egito. Dessa vez, o centro administrativo se estabeleceu em Tebas. Neste período aconteceu a invasão dos hicsos e a fuga para o Egito do povo hebreu.
Novo Império: (1580-1085 a.c). Período iniciado com a expulsão dos hicsos, neste período ocorreu os governos de: Tutmés III e Ramsés II, que converteram o Egito na região mais poderosa do crescente fértil.    
Renascimento Saíta: (663-525 a.c). Príncipes de Saís lideraram os egípcios na expulsão dos assírios e possibilitaram, mais uma vez, o fortalecimento da sociedade egípcia. Em 525 a.C., os persas dominaram o Egito que, a partir de então, não conseguiu mais recuperar sua autonomia.
A organização social.
Todo o poder  estava nas mãos do faraó, que era considerado um deus. Chamamos essa forma de governo teocracia.
Os sacerdotes constituíam uma categoria poderosa e influente, em razão da importância da religião para os egípcios.
A nobreza era constituída, pela família do faraó; muitos deles administravam as províncias unificadas do Egito.
Os escribas eram aqueles que dominavam a escrita e por esse motivo, possuíam altos cargos administrativos. 
A maior parte da população era constituída por camponeses (a principal atividade econômica era a agricultura), que trabalhavam nas terras do faraó, mas havia também muitos artesões, tecelões, marceneiros, sapateiros, ferreiros, pintores, escultores, perfumistas, ouvires, entre outras profissões.
A religião.
Constituiu, sem dúvida nenhuma, o traço mais marcante dessa sociedade. Eram politeístas (adoravam vários deuses). Admitiam que  cada pessoa tinha uma alma, que sobreviveria enquanto o corpo não fosse destruído. A preservação do corpo era possível por meio da mumificação, uma complexa técnica de embalsamar os mortos.
A arte.
A produção artística era inspirada na religião, foram para os deuses e para os mortos que construíram os seus maiores monumentos.
Os saberes.
Destacaram-se na astronomia e geometria. Criaram um calendário solar, no qual o ano de 365 dias era dividido em 12 meses de trinta dias cada ao qual acrescentavam 5 dias festivos.

A Mesopotâmia.
Muitos povos se sucederam na ocupação da Mesopotâmia, como sumérios, babilônios, caldeus, e assírios. As semelhanças encontradas nas formas de organização social e de produção assim como a religião pode ser explicada principalmente, pelas guerras de conquista, comuns naquela região.
As condições geográficas.
O nome mesopotâmia foi dado pelos gregos e significa “terra entre rios” (tigre e Eufrates). Estava localizada entre áreas montanhosas e desérticas, na extremidade oriental do crescente fértil. Dividia-se em duas áreas com características naturais distintas: ao sul, as férteis planícies da Suméria (depois chamada de Caldéia); ao norte, o árido e montanhoso solo da Assíria.
Os Povos da Mesopotâmia.
Sumérios: foram provavelmente os primeiros a habitar o sul desta região. Desde o quarto milênio a.C., realizavam obras de irrigação e utilizavam técnicas de metalurgia do bronze, bem como a técnica de escrita chamada cuneiforme. Organizavam-se em pequenas cidades independentes; as principais: UR, Uruk, e Lagash.
Babilônios: no segundo milênio a.C., constituiu-se na região da Mesopotâmia um grande e unificado império, que tinha como centro administrativo a cidade da Babilônia, situada nas margens do rio Eufrates. Principais governantes: Hamurábi (1728-1686 a.C.), responsável pelo primeiro código de leis da antiguidade (olho por olho, dente por dente).
Assírios: no final do segundo milênio a.C., formaram uma sociedade altamente militarizada e expansionista. Conquistaram diversos povos da região, entre eles, o Egito. Principais cidades: Assur e, logo depois, Ninive.Os responsáveis por essa expansão foram: Sargão II, Senaquerib e Assurbanipal. Destacaram-se pela maneira cruel com que faziam guerra.
Caldeus: responsáveis pela derrota dos assírios, no início do primeiro milênio a.C., seu principal soberano foi: Nabucodonosor, que governou por quase 60 anos e foi responsável pela construção dos famosos jardins suspensos da Babilônia.
A agricultura era a principal atividade econômica desses povos, a sociedade encontrava-se dividida em camadas: Governantes, sacerdotes, guerreiros e comerciantes estavam entre os grupos mais privilegiados. Camponeses livres, artesões e escravos ficavam entre os mais oprimidos. A religião era politeísta; muitos elementos da natureza  eram considerados divinos, como a terra, o sol e a lua.
Os saberes:
Desenvolveram a astronomia e a matemática. Semana de 7 dias, a divisão do dia em horas, minutos e segundos, a divisão do círculo em 360 graus e o processo da multiplicação, e etc... 

Ramos, Edu. Texto de

Cartografia


Os primeiros mapas. A arte ou técnica de fazer mapas é conhecida como cartografia, uma palavra que vem de carta, sinônimo de mapa. O mapa é uma das melhores formas de entender ou estudar um espaço: um lugar, uma região, um país. É por isso que todo estudo geográfico em geral é acompanhado de mapas. Os mapas são basicamente um instrumento de orientação e de localização. 
Os mapas mais corretos da superfície terrestre foram elaborados por cartógrafos europeus, a partir do século XVI. Esses mapas foram resultados das inúmeras viagens de circunavegação que os exploradores europeus fizeram para descobrir novas terras. Só que, por serem europeus, ao elaborar os mapas, eles colocaram a Europa numa posição privilegiada. É por isso que a maioria dos mapas-múndi coloca a Europa no centro, “acima da áfrica”.
Os mapas atuais. A maioria dos mapas elaborados hoje apresenta muita exatidão e muito rigor em relação a áreas, limites, distâncias, etc. Mas, para elaborar um mapa, é preciso antes de tudo fazer um levantamento. Levantamento é o estudo preparatório para mapear uma região. É um trabalho muito minucioso que depende muito do tipo e do assunto a ser pesquisado.
O sensoriamento remoto. O sensoriamento remoto consiste em obter imagens especiais sobre áreas ou objetos, a partir de um conjunto de instrumentos, como por exemplo: radares ou câmeras fotográficas adaptadas para fotos aéreas. Aviões equipados com esses instrumentos realizam vôos sobre a área a ser mapeada, obtendo centenas de fotos, que mais tarde, serão interpretadas. Nesse caso, significa identificar as imagens da foto: uma rodovia, uma fabrica, etc.
As imagens por satélite. As imagens obtidas hoje por satélites artificiais também são essenciais para a elaboração de mapas. É uma espécie de sensoriamento remoto, só que feito por satélite. Muitos satélites foram lançados ao espaço com a finalidade de enviar imagens contínuas, a partir de câmeras especiais ou de outros aparelhos semelhantes. Países de primeiro mundo utilizam essa tecnologia para muitos fins, como por exemplo: fornecer informações sobre queimadas em florestas, presença de recursos minerais, fenômenos climáticos, informações militares e etc. 
Projeções cartográficas. Essas projeções são formas ou técnicas de representar a superfície terrestre; elas ajudam os cartógrafos a amenizar o problema do arredondamento do planeta na feitura dos mapas. Isto porque a melhor maneira de representar a superfície terrestre é por meio de globos, que imitam o formato do nosso planeta. Porém, os mapas são mais práticos que os globos, pois permitem ver todo o planeta ao mesmo tempo e fazer comparações com maior facilidade, além de ser mais prático para transportar. Existem diferenças entre uma planta e um mapa. A planta é a  representação menor de: uma fazenda, uma cidade, um bairro, etc. Portanto, não é preciso nos preocupar com as projeções cartográficas, isto porque, elas representam áreas pequenas. Mas nos mapas não podemos ignorar tal projeção, porque se trata de áreas maiores.
Os vários tipos de projeção cartográfica. Uma projeção consiste num conjunto de linhas (paralelos e meridianos) que formam uma rede, sobre a qual são representados os elementos do mapa: terras, mares, rios, etc. Existem vários tipos de projeções  cartográficas, entre elas podemos citar: a projeção de Mercator, projeção de Peters, projeção Plana ou Polar, projeção de Aittof, a projeção Descontínua, entre outras. Nenhuma projeção é melhor ou pior que as outras. A escolha de uma delas vai depender da finalidade do mapa.
Os gráficos: é um desenho feito de forma precisa, a partir de informações numéricas sobre uma realidade. Em outras palavras, é uma forma de ilustrar geometricamente uma informação dada em números. Assim como as projeções cartográficas existem também vários tipos de gráficos todos com a sua particularidade e eficiência. Exemplo: Gráficos circulares, Gráficos de linha, e etc.
 
Ramos, Edu. Texto de

segunda-feira, abril 27, 2009

O Sertão do Brasil Colonial.

A ocupação do território brasileiro começou a consolidar-se com os engenhos de açúcar no litoral. A partir de então começa a ocupação do sertão, todavia, a metrópole não contava com o forte impulso, originado em São Paulo de Piratininga, na caça implacável dos indígenas. A velocidade do povoamento, o empenho em novas descobertas sempre mais para o interior e a expansão dos rebanhos bovinos tampouco podiam ser previstos. A própria forma com que surgiam as vilas era surpreendente. Originavam-se, por exemplo: de missões religiosas, capelas de devoção, feiras de gado, ranchos de pouso de tropeiros e até a partir de reuniões de lavradores e agregados expulsos pelo dono de uma propriedade.
O grande número de povoados nas áreas de mineração resultou do enorme contingente populacional para elas deslocadas. Mesmo assim, a América portuguesa ainda parecia despovoada e essa idéia de grandes vazios incultos e desabitados aparece como um dos elementos definidores da noção de “sertão”. Na época colonial, de fato, tal característica sem dúvida era acentuada pelos ermos que um viajante se obrigava a percorrer entre os locais povoados.
Entre todos os meios empregados para “invadir” o sertão, um merece destaque: a concessão de generosas extensões de terra em sesmarias; este método propiciou a expansão da pecuária bovina principalmente nas regiões do nordeste e na ocupação territorial do atual e valoroso estado do RIO GRANDE DO SUL, dando origem ao seu tipo humano mais característico, o GAÚCHO. O tal vaqueiro responsável pela fazenda tinha todo interesse em cuidar bem do gado, pois seu pagamento era um de cada quatro bezerros nascidos. Assim podia arrendar um trato de terra na própria fazenda e ao cabo de certo tempo transformar-se ele próprio em dono de terras para tocar seu criatório.
O trabalho com o gado não se ressume aos homens que trabalhavam em fazendas. Existia também, outra espécie de vaqueiro conhecido apenas como tropeiros. Esses homens, além de sua função característica, de transportar o gado, tornaram-se indispensáveis em outras atividades. Eram os emissários oficiais, o correio e o transmissor de notícias. Era o intermediário de negócios, o portador de recados, bilhetes, o aviador de encomendas e receitas; sempre prestando inestimável ajuda aos que se haviam embrenhado nas vastidões sem fim dos sertões brasileiros.
A situação não era a mesma no nordeste onde a população em geral sofria com a seca. Os vaqueiros desta região sofriam ainda mais com a situação, onde lhes faltava de um tudo. Por vezes esses homens eram identificados como sendo tapuias. Já em território paulista, os colonos não abriam mão do trabalho indígena, tanto na lavoura quanto em casa, o que deu origem a um lucrativo negócio, pois os nativos escravizados podiam ser vendidos também pelas capitanias.
Quanto ao modus vivendi dessa população, podemos dizer que: mesmo aqueles que possuíam algum prestígio viviam em condições lastimáveis, tamanha falta de higiene no que faziam e principalmente aonde viviam. Suas casas eram miseráveis choupanas, não possuíam assoalho e os compartimentos eram irregulares. Viviam como bárbaros em uma terra sem lei dominada por aventureiros capazes de qualquer coisa; assim era o sertão do Brasil, uma terra onde até os representantes Del’Rei possuíam medo e/ou receio em se aventurar.
Apesar de o padrão lusitano predominar no sertão, esta parte interna sempre foi percebida e entendida como diferente do litoral. Entretanto, não se pode ignorar o esforço do Estado para integrar ambas as realidades sob um padrão único (mesmo em beneficio próprio). A articulação interna entre as principais áreas econômicas era fato irreversível, com um fluxo de mercadorias envolvendo em particular o ouro, gado, escravos, manufaturas e gêneros de subsistência.


BIBLIOGRÁFIA (Ramos, Edu. Texto de)
· ARAUJO, Emanuel...

HISTÓRIA DO BRASIL


Durante os séculos XV e XVI quase todas as ilhas do atlântico exportavam açúcar para o mercado europeu. Açores, Canárias, Cabo Verde, São Tomé e Madeira. Essas ilhas passaram, todas, por períodos de intensa atividade na indústria açucareira em maior ou em menor grau ao longo daqueles séculos.
O conhecimento adquirido nessas ilhas, pelos ibéricos, fez com que este cultivo fosse implantado com sucesso nas colônias européias na América; contudo, entre o descobrimento do Brasil e o estabelecimento das capitanias hereditárias em 1533-4, os interesses da Coroa e dos particulares estiveram, em sua maioria, voltados para a comercialização do pau-brasil, de alto valor na Europa por suas propriedades corantes. Entretanto não se sabe ao certo, mas há indícios de que a Coroa Portuguesa havia implantado já em 1516 projetos que visavam o cultivo da cana-de-açúcar e, conseqüentemente, a construção de um engenho destinado a iniciar aquilo que viria a ser o grande produto “Made in Brazil”, no início da colonização da América portuguesa.
O declínio das exportações das ilhas do atlântico, motivado pelo desgaste do solo, mudanças climáticas e pela forte concorrência fez com que os habitantes desses lugares preferissem se dedicar à produção de vinho e de outras culturas dando espaço para que a atividade açucareira se implementasse fortemente na América, principalmente no Brasil que é o nosso objeto de estudo, alavancando, conseqüentemente, o processo de inserção da colônia na economia agrário-exportadora; estabelecido fortemente em território brasileiro, nas décadas de 1530-1540.
A expedição de Martin Afonso de Souza, enviada ao país em 1532 para livrar a costa dos navios franceses e também com fins colonizadores, trouxe muda de cana. Entre os colonos havia um perito em manufatura de açúcar, bem como vários portugueses, italianos e flamengos com experiência na atividade açucareira na ilha da Madeira. Ao longo desse processo pode-se perceber a transferência de conhecimentos, habilidades e recursos humanos das antigas para as novas regiões açucareiras como resultado de uma política deliberada.
Ao citar as capitanias hereditárias, que prosperaram, vamos encontrar exemplos que comprovam as citações acima referidas. Um exemplo disso foi o empenho de Duarte Coelho. Na tentativa de impulsionar sua lavoura, acabou por custear pessoalmente a vinda de artesões e especialistas de Portugal, da Galiza e Canárias. As combinações de capital, tecnologia e organização que emergiam no mediterrâneo e nas ilhas atlânticas como o complexo do engenho, transferiu-se para o Brasil quase sem modificações no início do século XVI. Os primeiros engenhos brasileiros foram pequenos. A maioria do tipo trapiche, movidos por cavalos ou bois. Alguns usavam força hidráulica, em geral os construídos pelos próprios donatários. Com a expansão dessa atividade surgiram, também, as primeiras formas de uma organização social em território brasileiro, ordenada da seguinte maneira: os senhores de engenho no topo da pirâmide, seguido por aqueles que também se dedicavam à agricultura de exportação.
Os homens que produziam alimentos para o consumo local vinham relacionados por últimos. Apesar da influência dos senhores de engenho, nada se podia fazer sem esses trabalhadores, que qualificados ou não, formavam o amplo alicerce sobre o qual se estruturava a sociedade colonial. Embora o início da economia agrária no Brasil esteja tragicamente marcado pelo contato entre portugueses e indígenas e pela posterior mudança na mão-de-obra, não significa que o papel dos indígenas tenha sido insignificante nas áreas de produção açucareira, pois estes marcaram as bases iniciais de toda a atividade, que mais tarde, com a vinda dos negros, daria de certa forma, o incremento àquilo que viria a ser a formação cultural do nosso povo.
É de suprema importância analisarmos as formas de escravidão vigente no país à época do “ciclo do açúcar”. Pois de certa forma, costumamos esquecer o que fez, exatamente, com que os portugueses preferissem os negros africanos aos negros da terra. Era extremamente difícil subjugar as populações indígenas e quando conseguiam estes, por sua vez, negavam-se a responder previsivelmente às condições objetivas do mercado. Para torná-los úteis à economia colonial, quer como fornecedores de alimentos, quer como trabalhadores dos engenhos, os lusos recorriam à coerção direta sob forma de escravização, aculturação e destribalização, bem como a tentativa de integrá-los como trabalhadores assalariados.
A transição da predominância indígena para a africana na composição da força de trabalho escrava ocorreu aos poucos, ao longo de aproximadamente meio século. Quando os senhores de engenho, individualmente, acumulavam recursos financeiros suficientes para comprar cativos africanos, iam acrescentando, aos poucos, outros à medida que o capital e credito tornavam-se disponíveis. Essa mudança dependeu parcialmente da percepção dos lusos quanto às habilidades relativas de africanos e indígenas. A saúde e a perícia dos africanos, bem como a sua pouca oposição ao cativeiro, podem explicar a relutância dos senhores de engenho em investir nos indígenas.
Ao estudo em questão, merece ser citado algum dos autores que, através de seus trabalhos, nos ajudam a compreender as formas que se deu a escravidão em território brasileiro. Pois se torna imprescindível, que ao avaliarmos tal objeto de estudo, tenhamos este conhecimento prévio e que possamos através das diversas análises, por eles apresentadas, formular nossas próprias interpretações e/ou conclusões. Para autores como Freyre, os fenômenos apresentados pela miscigenação, da adaptação cultural e do que este percebia como relações sociais “mais suaves” foram temas a orientar trabalhos como: “Casa Grande e Senzala” e “O mundo que o português criou”, onde revela a adaptação dos portugueses à fusão cultural que aconteceu no Brasil. Freyre, porém, tornou-se alvo de críticas e suas análises são constantemente contestadas por sociólogos, fortemente influenciadas pelas teorias marxistas.
Menos preocupados com o fenômeno em si, seu principal objetivo era entender a repercussão do escravismo no desenvolvimento geral da economia brasileira e, em alguns casos, no sistema subseqüente de relações sociais. Alguns estudos regionais pormenorizados de Emilia Viotti da Costa (1966) sobre São Paulo, Fernando Henrique Cardoso (1962) sobre o Rio Grande do Sul, Octavio Ianni (1962) sobre o Paraná e os trabalhos teóricos mais gerais de Paula Beiguelman (1967-68) sobre o escravismo e Florestan Fernandes (1969-72) sobre as relações sociais, todos abordam diversas maneiras às questões fundamentais, tais como: as conseqüências do escravismo na economia, no regime e na sociedade. Com diferenças entre si e de obras estrangeiras, sobre o tema, a interpretação coletiva da repercussão da escravidão sobre as relações senhor-escravo foi bem mais negativa do que a avaliação feita por Freyre.
A nova historiografia da escravidão brasileira deixa clara a importância de se compreender a organização da escravidão e seu funcionamento, tanto como forma de trabalho escravo, quanto como sistema social e cultural, para que seja possível entender suas conseqüências teóricas e sistêmicas mais amplas para a compreensão da história do Brasil e de seu lugar dentro do desenvolvimento da economia mundial.

A "Odisséia Portuguesa".



Não poderíamos classificar os feitos heróicos desta pequena nação se não dessa forma. Uma “Odisséia”. Talvez esta comparação seja a melhor forma de entendermos a superioridade do povo português em relação à expansão ultramarina. Este feito é o que caracteriza, sem dúvida alguma, a capacidade portuguesa em sua auto-afirmação como Estado independente.
Para que possamos compreender o pioneirismo português, devemos analisar os diferentes aspectos relacionados à forma com que o país se encontrava à época das navegações. Para isso, faremos uma análise sobre o seu território, sua organização sócio-cultural, política e econômica.
Com seu território demarcado aproximadamente dois séculos antes da conquista de Granada por Fernando e Isabel; Portugal encontrava-se de frente para o atlântico, mas com 2/3 de seu solo demasiadamente rochosos, impossibilitando o seu cultivo. Poucos rios navegáveis e estradas terrivelmente más, até para os padrões medievais. Sua população oscilava em torno de um milhão de habitantes no final da Idade Média e no campo, a economia ainda era uma economia de troca. As diferenças regionais também se faziam presente, uma vez que ao sul os Mouros deixaram sua marca em diversos aspectos culturais de Portugal. O desenvolvimento de substantivos e vários termos econômicos, militares e administrativos, são, também, de origem árabe.
Os três estados representados nas Cortes eram a nobreza, o clero e o povo. Abaixo do poderoso clero, fidalgos, cavaleiros e proprietários rurais, mas acima da grande massa de camponeses e artesões não privilegiados, situavam-se as classes intermediarias, que incluíam: mercadores, advogados, médicos e oficiais da coroa. Os comerciantes portugueses tinham que competir com os grupos de mercadores estrangeiros, mas faziam-no com bastante êxito. A economia portuguesa passou a ganhar destaque com a inclusão dos portos do país nas rotas comercias. Com o renascimento do comércio desenvolveu-se em Portugal uma burguesia comercial e marítima que vieram para ser um elemento importante nas novas tendências sociais do país.
E à medida que o Estado se fortalecia, intervindo na economia comercial, preparando o caminho para o Mercantilismo, realizavam-se também as condições para as grandes viagens marítimas. Pois apenas no comércio atlântico o rei poderia buscar o metal precioso e necessário, para o fortalecimento de seu exército, sua armada e seu poder. Deve-se salientar que neste período o continente europeu passava por grave crise econômica que se faz sentir na ausência de ouro e de prata, motivo que levará Portugal a desafiar os mares.
Como podemos perceber a odisséia do “ilustre peito lusitano” começa em meio às dificuldades encontradas no continente europeu e em seu próprio reino, mas seu feito heróico está, justamente, em ser o grande desbravador, mesmo antes das futuras potências européias se consolidarem como Estado. Ao povo de Camões devem-se os conhecimentos náuticos e as riquezas encontradas no novo mundo; mas ao contrário do que diz o grande poeta lusitano, as lágrimas de Portugal não são maiores que as lágrimas dos povos conquistados na América e na África portuguesa.

Expansão Ultramarina.

· Influência da burguesia mercantil.
A expansão ultramarina portuguesa deve-se basicamente ao surgimento de uma classe burguesa preocupada em manter e/ou aumentar seus domínios de mercado. Devido a forte crise que a Europa estava vivendo, os caminhos por terra tornaram-se perigosos para os mercadores que passaram, então, a necessitar de uma nova alternativa de passagem para os pólos de comércio. Contudo, Portugal também necessitava de metais preciosos e mão de obra, pois a peste havia deixado um déficit humano muito grande em todo o continente europeu. Todas essas questões tornavam o comércio inviável, devido à escassez desses recursos, pois se tornava extremamente difícil as trocas à distância. Valendo-se da precoce formação do reino português, os mercadores conseguiram fortalecer-se como classe dominante e fazendo com que o reino contribuísse, de uma certa forma, para isso, pois à medida que o comércio crescia, a coroa também lucrava com impostos e por conseqüência disto, o poder real também aumentava. Portanto, o crescimento mercantil passou a ser prioridade para Portugal e para que isso acontecesse foram criados meios técnicos e políticos, facilitando o seu sucesso na conquista de novas rotas comerciais.

· Revolução burguesa.
Uma crise na dinastia cortesã ocorrida após a morte de D. Fernando, precipitou as lutas sociais no reino; pois este corria sérios riscos em cair nas mãos castelhanas. O grupo mercantil viu na submissão de Portugal a Castela uma ameaça à sua sobrevivência, dado o caráter feudal da monarquia castelhana. Com isso podemos analisar mais de perto a forte influência dessa classe em Portugal, pois vai ser dela a iniciativa de restabelecer o trono português em favor de um homem, Mestre de Avis, que vai recolocar as pretensões burguesas novamente em prática após ser coroado rei, dando continuidade ao projeto de expansão marítima.

· Condições políticas favoráveis.
Ao abrir-se o séc. XV Portugal aparecia como a primeira nação européia a possuir um Estado centralizado, forte e bastante voltado para o comércio. O Direito luso havia se modernizado e os poderes do soberano haviam crescido no sentido absolutista. A indiscutível sabedoria na navegação fez com que surgissem grupos de debates e estudos sobre o tema, conseqüentemente este conhecimento levou os portugueses a serem possuidores de novas técnicas de navegação e utilizando-as em seu proveito, realizaram aquilo que a classe mercantil mais esperava: a conquista de novas rotas de comércio.

· A expansão da fé.
O desejo de expandir a fé cristã seria sem sombra de dúvidas uma excelente desculpa para levar adiante a expansão territorial portuguesa. Mas até que ponto o desejo cruzadista se confunde ou se assemelha com o desejo de enriquecimento, ou simplesmente o desejo de poder? A expansão da fé, neste caso, nada tem haver com ela. Pois apelando para um sentimento coletivo (religião) é que os portugueses justificam os “meios”; mesmo que esses “meios” não sejam os apropriados para se justificar os inúmeros erros cometidos contra a humanidade.

Referências Bibliográficas.
· MENDES jr., Antônio. Brasil História, Texto e Consulta, vol. 1. São Paulo: HUCITEC, 1991.
· REVISTA CIÊNCIA HOJE, vol. 15 nº 86, 1992.
· BOXER, Charles R. O Império Colonial Português (1415-1825). São Paulo: Martins Fontes, 1981.

Os Índios antes do Brasil (Carlos Fausto).


O trabalho de Carlos Fausto, “Os Índios antes do Brasil”, conceitua-se pela tentativa de analisar os diferentes aspectos relacionados à organização sóciopolítico, indígena, assim como a ocupação territorial por parte desses povos que aqui viviam às vésperas da chegada dos portugueses. O autor procurou traçar um paralelo entre essas diferentes formas de organização tribal vigente à época da invasão européia. Esta obra nos permite, então, ter uma visão continental, mas nos possibilita, também, uma análise às diversas regiões em que se desenvolveram as tribos que habitavam o Brasil. Analisando, portanto, questões já citadas como: a estrutura organizacional destas tribos e as condições em que se deram à expansão desses povos pelo território brasileiro. Através de trabalhos realizados por diferentes pesquisadores o autor passa, então, a procurar indícios para sustentar o seu raciocínio levando o leitor às diversas indagações referentes à questão principal que é: procurar algo que comprove a existência em nosso território de uma sociedade diferenciada, das demais, em sua organização.
Através da sua obra o autor nos revela as inúmeras diferenças existentes nas diversas civilizações que aqui viviam e embora não tenha florescido aqui uma civilização capaz de cultivar intensamente o solo, domesticar animais, dominar a metalurgia e conhecer a imagem do poder; ao contrário do que aconteceu nos Andes, cujos traços ficaram marcados em pedra e metal, não significa que nas terras baixas não se desenvolveram sociedades politicamente centralizadas, estratificadas e urbanas; não, obviamente, aos moldes do povo inca. Com base nas informações contidas no livro pode-se começar a admitir a hipótese de excluir, portanto, esta mentalidade que se faz presente nos diversos estudos sobre o tema: a de que em nosso território não houve uma sociedade complexa. Pois está mais do que claro que às vésperas da conquista, este era um continente que acolhia diversas formas de articulação social, econômica e política em escala local e regional, deixando claro, portanto, que nenhuma sociedade poderia viver à sombra de outra; como citam em seus trabalhos alguns autores relacionados ao tema.
Segundo o autor estas tristes confirmações, até então incontestáveis por muitos pesquisadores, podem começar a fazer parte do passado, pois nem todas são verdadeiras. Os argumentos que dizem respeito a essas informações estão expressas, na obra, em forma de comparações entre os diversos autores que se preocuparam em estudar o assunto. Carlos Fausto, entretanto, nos deixa claro que as coisas são mais complicadas do que parecem; isto porque, não há dados seguros para afirmar, nem para negar, que estas sociedades (que aqui viveram e ainda vivem) estavam ou não organizados em grandes unidades políticas, hierarquizadas, socialmente estratificadas e fundadas em um modo de produção intensivo. O autor passa, então, a sustentar sua teoria com base em trabalhos como os de: Curt Nimuendaju e Claude Lévi Strauss, por exemplo, onde estes contestam as afirmações feitas por Steward em relação aos Jê do Brasil centro-oriental. Pois este via os indígenas do cerrado como repositórios de culturas marginalizadas. De uma imagem primitiva dada aos Jê por Steward, eles passaram a ser visto como um povo praticante de uma sofisticada economia bimodal, que combinava períodos de dispersão com outros de agregação em grandes aldeias, estruturadas internamente. Este é um exemplo simples da forma com que o autor conduz o seu trabalho.
Com base nos registros que possuímos e nos estudos realizados em diferentes áreas de pesquisa, poderíamos classificar este e outros tantos, trabalhos, como uma nobre tentativa de tentar rever o modo com que nos relacionamos com a nossa história, pois é preciso deixar de lado a visão eurocentrica do conquistador que, ainda, se faz presente em nossos dias; para que assim possamos produzir trabalhos destinados à obtenção de resultados que nos identifique com certeza qual era, exatamente, o nível de organização que predominava entre as diversas tribos e, principalmente, se existia aquilo que classificamos ao longo deste trabalho como sociedade complexa.
Poderíamos, então, através de uma simples indagação, concluir que aos diferentes aspectos organizacionais e culturais aqui encontrados pelos conquistadores europeus, tenha causado, a estes, um profundo impacto sobre os seus costumes culturais de cunho absolutamente religioso, ligados, ainda, a um pensamento medieval; motivando, conseqüentemente, um movimento discriminatório, contra tudo que lhes era desconhecido. Acredito que esta seja a explicação para que desde a época das conquistas não se tenha visto a cultura dos nossos indígenas, da mesma forma que foi vista as de outras populações da América, classificando-as ao longo da história como, sendo estas, culturas marginalizadas.


Biobibliografia.
· FAUSTO, Carlos.
· Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, PPGAS-Museu Nacional – UFRJ
· Pós Doutorado__Centre National de la Recherche Scientifique, CNRS, Paris, França
· Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.UFRJ
· Titulo: A Dialética da Predação e Familiarização entre os Parakanã da Amazônia Oriental
· Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ
· Titulo: Os Parakanã: Dravidianato e Casamento Avuncular na Amazônia
· Graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo
· Autor de diversos artigos publicados em periódicos; participação em bancas de trabalhos de conclusão, dissertação de mestrado e doutorado.
· Possui, também, livros publicados entre eles:
· Inimigos Fiéis: História, Guerra e Xamanismo na Amazônia, São Paulo EDUSP, 2001.
· Os Índios Antes do Brasil, Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2000, v.1. p.94.