terça-feira, maio 12, 2009

Características do período pré-colonial a partir desses aspectos:

A) Desinteresse x interesse comercial e de exploração;
Alianças x conflitos com grupos tribais;
Colonização acidental x colonização projetada;
Civilização x barbárie.

Após a oficialização do achamento do território brasileiro, pelos portugueses, foram absolutamente poucas as viagens realizadas por estes até o Novo Mundo. Um certo desinteresse que levantou sérios questionamentos, por parte de outras nações, a respeito da divisão do mundo entre Portugal e Espanha.
Portugal havia oficializado a descoberta, mas não fazia o devido uso dela, oportunizando que exploradores de outras nacionalidades assim o fizesse. Os franceses foram os primeiros a questionar essa divisão do globo e a estabelecer um comércio de trocas com os povos que aqui viviam, colocando em sérios riscos a soberania lusitana nessas terras.
Mesmo não apresentando grandes recursos para satisfazer a notória cobiça dos portugueses, tornou-se necessário ocupar a colônia, tanto por motivos políticos, para garantir a possessão, como para seguir a estratégia de fixar povoações que auxiliassem os navios da carreira lucrativa.   Torna-se necessário salientar que o Brasil era para os portugueses uma rota alternativa para o oriente; mas com a queda das relações comerciais entre esses últimos devido aos altos custos das expedições o Brasil tornasse uma boa aposta para os investimentos econômicos (exploração de metais preciosos e agrícolas). Com base nesses acontecimentos Portugal passa, então, a adotar algumas ações mais efetivas ao território do Brasil, tais como: a expulsão dos corsários do litoral brasileiro e a tentativa de pôr em prática, já em 1516, as primeiras experiências de ocupação do território dando início ao sistema conjunto de capitanias de terras e capitanias de mar, à maneira do que comumente, vigorava no oriente.
Para que esse plano se realizasse era necessário que Portugal enfrentasse, não apenas os comerciantes franceses, mas também as fortes alianças entre estes e os indígenas. Tais alianças se contrapunham às aspirações lusitanas de domínio e levariam a um enfrentamento direto, no Brasil, entre as duas potências européias. Uma vez que os franceses ocuparam ilegitimamente um espaço territorial pertencente à Coroa Portuguesa. Entre as disputas está o indígena, cuja convivência com os europeus, definitivamente, não se caracterizava pela tolerância.
Os grupos tribais acabam, por sua vez, entrando na luta transnacional, como apêndices dos interesses imperiais. Embora jamais se lhes tenha reconhecido uma verdadeira autonomia, isto geralmente não significou um extermínio direto, e sim a integração na luta entre Coroas européias. De um lado os tupinambás apoiando os franceses e de outro lado os tupiniquins apoiando os portugueses. Prestar serviços aos cristãos se transformava em “amizade”, porque para os índios a nova cultura era assustadora e a aliança com o invasor, identificado com deuses, dava-lhes a sensação de invencibilidade perante outras tribos. Uma espécie de relação que prolongou por algum tempo a sobrevivência dessas tribos.
Em troca do apoio ao homem branco, não pediam nada, apenas a honra de servir a uma divindade; pois suas armas de fogo eram desconhecidas ao povo indígena que às associavam a instrumentos mágicos. Instrumento que assustava muito mais do que feria. 
Se a rivalidade entre Portugal e França expressou a luta pelo pau-brasil; os conflitos entre espanhóis e portugueses (na demarcação de limites geográficos) indicavam a presença de imagens auríferas e argentíferas no território. Portugal tentava estender para o sul seus domínios na América e a Espanha obviamente resistia. Mas em definitivo foram as riquezas, ou melhor, sua imagem mitificadora e a esperança de obtê-las, as responsáveis pelos inúmeros exploradores que acidentalmente acabam dando início à colonização deste território.
A colonização acidental antecede ou, em grande parte, avança paralelamente à planificada. Não significando, portanto, algo circunstancial ou passageiro. Ainda que com o tempo ambas convirjam em uma mesma e ampla empresa colonizadora. Esta forma de colonização (acidental) deve-se em muito aos náufragos e desertores. O naufrágio se delineava como um motivo gerador de novas formas de vida, de relações mutantes, mudanças inesperadas e repercussões imprevistas. Pois quem estava a serviço de um rei, converte-se facilmente, devido às circunstâncias, em amante de índias, pai de família, guerreiro tribal e/ou comerciante.
A série de conversões americanas aponta para a institucionalização de uma “nova vida”, nada poético nem muito menos bucólica. O conceito de cristão perde precisão entre o processo de transculturação dos europeus, que para sobreviver adotam modelos de vida indígena. O projeto épico da conquista é esquecido e substituído por uma realidade que, em seus elementos centrais, se ajusta ao projeto do imigrante. Derrotados por um meio ambiente que transtorna esperanças e desbarata ideais, estas pessoas, são submetidas a um cotidiano pouco glorioso, em pequeno número, sem impérios para conquistar, sem cidades para subjugar, sem riquezas para saquear, estes expedicionários deixam a antiga relação de vassalagem com seu rei, para se integrarem num novo espaço, que se lhes apresenta novos conflitos e desafios, embora também novas possibilidades. 
A colonização acidental não implica, conseqüentemente, um projeto organizado de modo racional e levado à prática por etapas programadas. É sim a resposta criada a uma situação de necessidade (dos expedicionários que aqui ficavam) que pouco a pouco desemboca na construção de uma imprevista organização social.
Diferentemente da colonização acidental, a planificada se caracteriza pelo caráter letrado da ordenação. A expedição de Martin Afonso de Souza em 1530 e a instalação das capitanias hereditárias representam seu começo ritual; o Regimento de Tomé de Souza, promulgado pelo rei Manuel III  em 17 de dezembro de 1548, como representante do rei para as possessões lusitanas na América, anuncia seu triunfo definitivo. Com o Regimento dá-se início, concreto, à instituição do governo geral e se reafirma o ideário colonizador. 
A função (do Brasil) de escala para os tesouros asiáticos ou de porto fornecedor de madeira tintória é substituído pelo projeto de inscrição oficial da lei e pela exportação das instituições metropolitanas para o Novo Mundo. Segundo o documento real os benefícios com a colonização seriam estes: o “bem estar” dos indígenas, devido à ampliação da fé cristã, o proveito da Coroa Portuguesa e a conservação das capitanias. A partir de 1531, navios portugueses começam a abastecer os colonos recém instalados (armas, munições e mantimentos), em 1534 João de Barros, Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade organizaram uma expedição composta de dez embarcações levando novecentos homens, com o objetivo de iniciar, definitivamente, a colonização, principalmente, nas capitanias do Rio Grande, Pará e Piauí.
Pode-se dizer também que, quando surgiu a necessidade política e econômica de conquistar e colonizar estas terras, os mapas produzidos com detalhes do Novo Mundo passaram a salientar o exotismo da fauna e flora, chamando a atenção para as riquezas minerais como o ouro; a fim de que a cobiça atraísse a atenção de possíveis aventureiros. Tarefa complicada, pois era extremamente difícil conquistar voluntários para ocupar uma terra vista pelos europeus como um inferno. Na época era normal para os cronistas associarem os costumes indígenas à barbárie. O ato de comer o prisioneiro constituía o capitulo derradeiro de um ciclo endêmico de represálias que incluía a perseguição ao inimigo, a inserção deste no recinto familiar e comunal, sua adaptação ao cotidiano da aldeia, a preparação para a festa, a teatralização da relação de domínio, uma jornada maratônica de danças e cantos, o posicionamento da vitima no centro da aldeia (pauladas na cabeça até matar), o desmembramento do corpo e a repartição entre os comensais. Capitulo final que, por sua vez, anunciava a vingança por parte da tribo ofendida.
A agressividade e/ou barbárie, percebida pelos expedicionários na instituição do canibalismo desvia em muito a atenção das formas, também socialmente compartilhadas, de violência européia. O pavor dos cronistas ante as execuções públicas americanas, portanto, provem de sua forma e sentido. Isto explica que fossem justamente os sacrifícios os eventos mais repudiados pelos cronistas, em especial os religiosos, já que aos seus olhos pareciam rituais satânicos e não tinham nada de semelhante com as execuções européias, onde o motivo religioso se aliava ao controle político do desvio social.         
Para os europeus a América poderia ser tanto o inferno como o paraíso, dependeria apenas de levar-se ou não a fé cristã aos chamados gentios, missão destinada aos portugueses. O estranhamento causado pelas plantas e animais encontrados e acima de tudo, os hábitos dos povos nativos fez com que os europeus decidissem que era urgente e necessário “salvar” aquela gente, moldando o território e os habitantes à imagem e semelhança da Europa.

B) A dinâmica imperial portuguesa. Síntese da abordagem principal dos autores: Bicalho, Fragoso e Alencastro.

De acordo com as leituras indicadas, é possível perceber logo de início a preocupação dos autores em fazer das discussões à cerca das relações entre o poder central e o poder e/ou poderes periféricos, algo mais presente em nossos estudos, uma vez que as relações entre esses poderes apresentavam na prática, características desiguais. Com isso, diferentes autores nos apresentam diferentes hipóteses à cerca da centralização do poder monárquico, trazendo sempre em destaque a discussão sobre a existência ou não de uma influência do poder real nos mais diversos assuntos relacionados a Coroa.
As questões referentes ao poder central levam muitos pesquisadores a identificar uma certa fraqueza no poder monárquico. Más torna-se necessário que ao avaliarmos esta questão, tenhamos a devida coerência ao julgar o assunto, pois há inúmeras formas de questionarmos esta centralização do poder sob diversos ângulos e/ou aspectos. Assim como do ponto de vista do colonizador, a imagem de um império centralizado era a única que fazia suficientemente jus ao gênio colonizador da metrópole; em contrapartida, admitir um papel constitutivo das forças periféricas poderia reduzir o brilho desta empresa imperial. Para fragoso (um dos nossos autores) existiu outro poder capaz de arrancar privilégios do poder central, contudo, procurando explorar seus aspectos doutrinais e institucionais, para ganhar um espaço de efetiva, ainda que discreta, autonomia. Passando, com isso, a caracterizar a monarquia portuguesa, como sendo uma monarquia corporativa, em que: o poder real partilhava o espaço político com poderes de maior ou menor hierarquia; que o direito legislativo da Coroa era limitado e enquadrado pela doutrina jurídica e pelos usos e práticas jurídicos locais; bem como, os deveres políticos cediam perante os deveres morais ou afetivos, decorrentes de laços de amizades. 
Para este autor a imagem de centralização do poder monárquico é ainda mais desajustada quando aplicada ao império ultramarino. Isto se deve a inexistência de um modelo ou estratégia geral para a expansão portuguesa. Existem vários tópicos usados incidentalmente no discurso colonial para justificar a expansão. Um deles era a idéia de cruzada e de expansão da fé. Mas, a par dele, vinha o do engrandecimento do rei ou das finalidades do comércio metropolitano ou, mais tarde, de população. No entanto, esse conglomerado não era harmônico, sendo que cada tópico levava freqüentemente a políticas diferentes ou mesmo oposta, mudando, muitas vezes, com o tempo ou com o lugar.
  Embora os estabelecimentos coloniais portugueses tenham estado sempre ligados à metrópole por um laço de qualquer tipo, faltou, no entanto, até o período liberal uma constituição colonial unificada; uma vez que, se encontrava em vigor diferentes formas de instituições políticas, tanto na América como no Oriente. Um exemplo claro desta disparidade de forças está na total autonomia do governador geral. Este gozava de um poder extraordinário, semelhante ao dos supremos chefes militares; tal como o próprio rei podia derrogar o direito em vista de uma ainda mais perfeita realização de sua missão. Pode-se estender esse exemplo aos capitães donatários, que faziam o uso da justiça aos moldes dos seus interesses. Segundo o autor, é impossível ver esta forma de organização, como um modelo tradicional de Império centrado, dirigido e drenado unilateralmente pela metrópole.
Para Maria Fernanda Bicalho, esta questão referente às instituições e ao poder político em Portugal está diretamente ligada à figura do rei. A autora acredita que este intervinha nos mínimos detalhes da vida cotidiana de seus súditos, ordenando-os, disciplinando-os, normatizando-os. Para Maria Bicalho, esta interferência real, valia para o reino e abrangeria igualmente a amplitude de seus domínios ultramarinos e coloniais. Esta idéia é contrária ao pensamento de Fragoso. Segundo a autora os argumentos que sustentam suas afirmações estão explícitos nas consultas do conselho ultramarino. Pois, para a autora, não é difícil ser convencido de que os membros deste conselho deliberavam sobre cada minúcia da vida econômica, administrativa, política e militar das sociedades coloniais, chegando mesmo a ordenar os mais insignificantes detalhes do cotidiano de seus habitantes. As ordens, provisões e alvarás régios resultantes dessas consultas são ricos testemunhos do poder de intromissão e regulamentação da Coroa nas menores esferas e nas mais insólitas condutas dos vassalos peninsulares e ultramarinos. Assim, a idéia de que ao rei cabia decidir tudo em ultima instância vinha corroborar o processo de centralização monárquica própria do absolutismo europeu.
Em relação ao processo de centralização do poder régio, as crises recorrentes que, assolaram a Europa, representaram mais um fator de intervenção da Coroa, levando as monarquias a implementarem amplos programas de reforma política e fomento econômico que as impeliram a intervir cada vez mais nas áreas provinciais e locais. A vontade ou a necessidade desta intervenção não era, no entanto, uma via de mão única, nem sempre correspondendo a uma iniciativa exclusiva do governo central, partindo muitas vezes das próprias autoridades locais. Isso decorria do crescente prestigio que a justiça real vinha adquirindo, e da visão de mundo dos contemporâneos a respeito da função arbitral do monarca, a quem se recorria para resolver conflitos domésticos, ou entre seus representantes e os próprios agentes do poder central. Por outro lado, a luta contra as antigas prerrogativas senhoriais impedia o rei de dispensar os aliados locais, levando a que o grande paradoxo do absolutismo se constituísse numa progressiva concentração de poderes no centro e ao mesmo tempo, numa profunda dependência deste centro em relação a forças sociais e políticas periféricas.
Contudo, o governo era exercido, tanto na península quanto por todo o império, por meio de conselhos, tribunais e juntas. Eram estes os órgãos ou instituições que teciam as políticas e tomavam as decisões. Por um lado essa dinâmica governamental constituía-se em um peso ou entrave à agilidade da administração ativa. Esse é o ponto mais destacado pela historiografia ao se referir à administração, seja do reino, seja das colônias. No entanto, esse mesmo sistema garantia a expressão de todos os pontos de vista, reafirmando o caráter corporativo do governo, como afirmou Fragoso, mas segundo a autora, a imagem do rei como arbitro mantenedor da harmonia dos demais membros ou instituições do corpo político, avalista de seu estatuto, juiz nos conflitos, é de maneira alguma, a imagem de um usurpador de suas atribuições no poder.
Diferentemente das opiniões apresentadas por Fragoso e Bicalho, Luiz Felipe de Alencastro procura recolocar, no campo das discussões, as questões referentes à centralização do poder e de uma maneira mais lógica, tenta explicar, também, os dificuldades encontradas por Portugal na administração de seu império ultramarino. É verdade que os lusitanos não encontraram facilidade alguma na expansão das rotas comerciais. Por não dispor de forças necessárias  para conservar esse espaço transcontinental, Portugal é vencido pelas potências melhor instrumentadas para o comércio ultramarino, Lisboa perde mercado e territórios, sobretudo no oriente, onde o que se fez ausente, segundo o autor, não foi à falta de um poder centralizado ou de uma política mercantil eficiente, como citam os autores Bicalho e Fragoso, mas o que contribuiu de uma forma negativa foi possibilidade de enriquecimento que o contrabando e o comércio regional ofereciam aos oficiais d’el-rei.
O complexo econômico luso-oriental opõe-se doravante aos interesses de Lisboa e da rota do Cabo. Tal quadro ilustra um dos impasses apontados acima: o excedente colonial se realiza, se transforma em produção mercantil, mas foge às redes metropolitanas, tornando mesmo as mais eficientes forças políticas inoperantes diante de tal realidade. Mesmo que isso não ocorresse, a expansão mercantil não conduzia necessariamente ao reforço do poder monárquico. As transações oceânicas e o Ascenso dos comerciantes faziam emergir novas forças sociais nas metrópoles e nas conquistas, alterando o equilíbrio das monarquias européias. Pois, como se sabe, os investimentos privados efetuados nos primeiros tempos das descobertas não eram exclusivamente portugueses. Excetuando-se certos monopólios, os estrangeiros católicos, residentes ou não em Portugal, obtinham privilégios análogos aos dos nacionais para transacionar com a colônia. Ademais se empregassem marinheiros portugueses, os estrangeiros podiam utilizar seus próprios navios. Tais comerciantes ficavam submetidos a certas taxas, mas se isentavam de outras que pesavam sobre os nacionais.  Esta realidade enfrentada pelos portugueses não tem absolutamente nada de novo, o que se pode perceber é que mesmo existindo um poder forte e centralizado na figura de um monarca, não se poderia garantir o total êxito nas negociações mercantis, uma vez que, as condições de negociação se transformavam diante das circunstâncias impostas   pela distância existente entre a colônia e a metrópole.

Ramos, Edu. Trabalho Universitário de

Imperialismo norte-americano na América Latina.

Pode-se dizer que o domínio norte-americano sobre os países da América Latina tenha se dado no momento em que os Estado Unidos planejaram construir um mundo supostamente democrático e antitotalitário, institucionalizando seu poder sobre essa região ainda no inicio do século 20.
Durante esse período os norte-americanos determinaram que toda a ajuda econômica e militar se justificaria diante, somente, a ameaça do comunismo internacional. No entanto, para reforçar essa hipótese surge em 1948 a Organização dos Estados Americanos (OEA), responsável por legitimar, de uma vez por todas, a dependência latina frente aos interesses estadunidenses.
Tal manobra política encontrou respaldo em alguns chefes de Estado latinos que souberam utilizar, em proveito próprio, os acordos e convênios bilaterais com a nova potência mundial. Diante da nova ordem estabelecida, algumas medidas foram tomadas para assegurar o curso pré-estabelecido.  Medidas intervencionistas (militar e econômica) acentuaram-se e passaram a fazer parte de uma poderosa maquina de repressão cível. 
Vale lembrar que toda e qualquer ajuda econômica e/ou militar era sancionada mediante acordo em que os exércitos locais deveriam participar elaborando planos de defesa contra a “ameaça vermelha”.
No entanto, a dominação que se estendeu a passos largos sobre os países latinos também encontrou neles resistência em alguns campos da política e da classe trabalhadora. Cuba se destacou nesse sentido. Sua maneira de agir diante da situação foi reinventada, pois a luta que travava, para fazer frente à influência vinda da Casa Branca, já não funcionava mais. Isso se deveu ao fato de que os partidos comunistas do mundo também estavam revendo sua forma de atuação e muitos haviam, de uma certa forma, renunciado aos grandes movimentos de massa. 
Estavam voltados às distintas políticas de enfrentamento e de alianças que vinham sendo encenadas ao longo daquele período para que, com isso, fosse possível atender as reivindicações das diversas lutas de classes que se seguiam em âmbito mundial. 
Esta atitude dos partidos comunistas, em âmbito universal, encontrava respaldo nas diferenças sociais, econômicas e políticas de cada país latino. 
Dessa forma, concluo que a nova forma de agir precisava, antes, adequar-se a essas variações, chamadas de políticas de enfrentamento. Ações que atendiam as especificidades de cada Estado e/ou Governo. As diferentes variações da luta de classe de um país obedeciam em grande parte à força dos movimentos nacionalistas e populares e a sua capacidade de impor-se frente aos ditadores, as oligárquias, e ao próprio imperialismo que atacava em várias frentes
Para o poder imperialista, o avanço da ideologia comunista, em sua zona de abrangência, era encarado como algo subversivo. Sendo assim, não tardou para que estes fossem considerados inimigos da “democracia” e para que medidas, também, fossem tomadas contra o nacionalismo existente, que era encarado como fascista ou cripto-comunista. Em suma, o imperialismo foi responsável pela heterogeneidade da classe operaria latina-americana, bem 
como da desigualdade social, da distribuição de renda e das mazelas provocadas pelo sucateamento das estruturas públicas. 

Ramos, Edu. Texto de

Inteligência Musical.

De todos os talentos com que os indivíduos possam ser dotados, nenhum surge mais cedo do que o talento musical. Embora a especulação em torno desta questão tenha sido abundante, permanece incerto exatamente porque o talento musical surge tão cedo e qual poderia ser a natureza deste dom. A inteligência musical pode manifestar-se em um indivíduo mesmo antes dele ter recebido qualquer treinamento musical; a evidência mais forte seria: através da reação a determinado tipo de som, o indivíduo pode ter progresso em algum instrumento, isto sugere que ele estava biologicamente preparado de alguma maneira, para esse empreendimento. Dessa forma a evidência das crianças-prodígio apóia nossa afirmação de que existe um vinculo biológico a uma determinada inteligência.
Embora a criança com retardo ou autismo possa apegar-se à música porque ela representa uma relativa ilha de preservação num mar de prejuízos, também há sinais mais positivos de isolamento, onde uma criança de outro modo normal simplesmente demonstra uma capacidade precoce na esfera musical.  Os autistas conseguem tocar maravilhosamente bem um instrumento, mas não conseguem falar, isto enfatiza a independência da inteligência musical; mas aos elementos centrais da música nos cabe uma colocação: o papel da audição na definição da música, isto porque não cabe dúvida de que o sentido auditivo é essencial para toda a participação musical.
A música é uma sucessão de sons e combinações destes, organizada de tal maneira que produza uma impressão agradável aos ouvidos, e é compreensível o porque de analisá-la como uma inteligência. Ela tem o poder de influir nas partes ocultas de nossas almas e das nossas esferas sentimentais a música não pode expressar medo, (que é certamente uma emoção autêntica), ela também pode sim, ajudar a desempenhar um importante papel unificador nas sociedades (Paleolíticas) da Idade da Pedra. O canto dos pássaros proporciona um vínculo com outras espécies, evidências de várias culturas apóiam a noção de que a música é uma faculdade universal. Os estudos sobre o desenvolvimento dos bebês sugerem que existe uma capacidade computacional “pura” no inicio da infância, isto tudo porque as crianças passam por uma transição importante em suas vidas musicais; a partir dos 3 à 4 anos de idade, reproduzem melodias e canções espontâneas através do jogo sonoro exploratório (reprodução sonora).
A partir destas evidências, sugere-se que a capacidade musical seja aprovada em outros testes de inteligência. Como analisar isso de uma outra maneira? Certas partes do cérebro desempenham papéis importantes na percepção e produção da música, estas áreas estão caracteristicamente localizadas no hemisfério direito, embora a capacidade musical não esteja claramente localizada em uma área tão especifica como a linguagem. Embora, a suscetibilidade particular da capacidade musical ao dano cerebral dependa do grau de treinamento e de outras diferenças individuais; existe uma clara evidência de “amusia” ou perda da capacidade musical.
Tendo em vista tudo isto, as evidências que apóiam a interpretação da capacidade musical, como uma inteligência, chegam de várias fontes. Mesmo que a capacidade musical não seja tipicamente considerada uma capacidade intelectual, como a matemática, ela se qualifica a partir destes critérios. Por definição ela merece ser considerada, e sua inclusão está empiricamente justificada.

Ramos, Edu. Texto de

Inteligência Corporal

O corpo humano é mais do que simplesmente uma outra máquina, indistinguível dos objetos artificiais do mundo. Ele é também o recipiente do senso do eu do indivíduo, seus sentimentos e aspirações mais pessoais, bem como a entidade à qual os outros respondem de uma maneira especial devido as suas qualidades singularmente humanas. Desde o princípio, a existência de um indivíduo como ser humano afeta a maneira como os outros o tratarão; e, muito cedo, o indivíduo vem a pensar em seu próprio corpo como especial.
A característica principal desta inteligência é sem dúvida alguma a capacidade que o indivíduo tem de usar seu próprio corpo de maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos assim como voltados para objetivos. Igualmente característica é a capacidade de trabalhar habilmente com objetos, tanto os que envolvem movimentos motores finos dos dedos e mãos quanto os que exploram movimentos motores grosseiros do corpo. Pessoas que desenvolvem algum esporte, como natação, dança entre outras modalidades, desenvolvem também um domínio aguçado sobre os movimentos de seus corpos, assim como artesões, jogadores de bola, atores, inventores e instrumentistas, que são capazes de manipular objetos com refinamento. 
O uso hábil do corpo foi importante na história da espécie durante milhares de anos, a evolução dos movimentos especializados do corpo é uma vantagem óbvia para as espécies, e nos seres humanos esta adaptação é ampliada através do uso de ferramentas. De todos os usos do corpo, nenhum atingiu ápices maiores ou foi mais variavelmente desenvolvido pelas culturas do que a dança. Podemos definir a dança como seqüências culturalmente padronizadas de movimentos corporais não verbais que são propositais, intencionalmente rítmicos e apresentam valor estético aos olhos daqueles para quem o dançarino esta se apresentando. 
Não conhecemos todos os usos aos quais a dança foi dirigida, mas as evidências antropológicas sugerem que pelo menos a dança possa refletir e validar a organização social. Ela pode servir como um veículo de expressão secular ou religiosa; como uma diversão social ou atividade recreativa; como um meio para dar vazão aos sentimentos, como uma afirmativa de valores estéticos ou de um valor estético em si; como um reflexo de um padrão de subsistência econômica ou como uma atividade econômica em si.
Dada a grande variedade de propósitos que a dança pode servir, é difícil generalizar sobre sua forma canônica. Às vezes, de fato, as características formais são menos importantes do que a ambientação adjacente ou conteúdo referencial explicito. Embora o principal treinamento na dança seja ouso disciplinado do corpo, outros pápeis que também exploram o conhecimento do corpo requerem habilidades adicionais ou diferentes. Na encenação, a capacidade de observar cuidadosamente e então recriar cenas em detalhes é um mérito. Esta capacidade mimética inicia muito cedo, talvez até mesmo nos primeiros dias ou semanas de vida; e por volta da idade dos dois anos, toda criança normal é capaz de observar cenas ou performances realizadas por outro indivíduo e recriar, numa ocasião subseqüente, pelo menos alguns dos pontos altos do espetáculo.

Ramos, Edu. Texto de

Doenças e Tratamentos (Grécia Antiga).

Os gregos da época clássica possuíam meios eficazes para tratar suas doenças. Embora , a  mortalidade infantil fosse grande e muitas doenças levavam os adultos a um desfecho fatal. As pestes dizimavam certas cidades, como a famosa peste de Atenas. Um tifo, na realidade, causador de uma grande devastação, descrita por Tucídides. Outras doenças menos espetaculares, porém endêmicas, atingiram sorrateiramente a população: tuberculose, malária, parasitoses (causadas pelo consumo de carne ou legumes deteriorados), febres diversas (mencionadas pelo corpus hipocrático e muitas vezes difíceis de identificar), entre as quais: a febre tifóide. As epidemias e doenças contagiosas parecem ser um tanto raras, assim como as doenças cardiovasculares, cânceres, e demais doenças que os próprios gregos antigos identificaram ou que foram identificadas posteriormente, graças aos sintomas descritos.
Entre as doenças de garganta e do aparelho respiratório, pleurisia, pneumonia, angina, amigdalite, difteria, asmas são registradas, assim como várias doenças renais e urinárias e diversas afecções do aparelho digestivo (disenterias, hemorragias intestinais, úlceras, hepatite), do sistema nervoso (epilepsia, meningite, loucura), das articulações e ossos (principalmente artrites e reumatismos), dos olhos dentes e ouvidos (otites, parotidites). A depressão nervosa capaz de provocar suicídio parece rara, mas é registrada.
As infecções eram freqüentes como conseqüência dos ferimentos e podiam acarretar a gangrena. As septicemias consecutivas ao parto ou aborto ameaçam seriamente a população feminina, que estava, aliás, sujeita, evidentemente, a afecções específicas. Calculou-se que, para assegurar a simples renovação da população, em vista da alta mortalidade infantil, estimada em 50%, a mulher grega devia em média, dar à luz a, no mínimo, cinco filhos. Fadigas e riscos são, pois, multiplicados para ela e na realidade, sua esperança de vida é menor que a do homem, apesar dos perigos que este corria na guerra. A duração média de vida era para o homem de 43 à 45 anos, e para a mulher de 34 à 36 anos somente.
Traumatismos diversos afligiam sobre tudo a população masculina, principalmente os ferimentos devidos ao esporte, à caça ou à guerra e aos acidentes de trabalho; os que não morriam em conseqüência deles podiam ficar mutilados. Mas entre os deficientes, aparentemente bastante numerosos, que ião peregrinar ao santuário de Asclépio, muitos eram sem dúvida atingidos por má formação congênita. A terapêutica da época clássica nada pôde contra esses males; por isso o recurso a Asclépio, de quem se espera um milagre. 
Os tratamentos aplicados aos doentes eram diversos. Desde a terapêutica tradicional, (massagens, ventosas, lavagens, supositórios, fumigações, sangrias, remédios da farmacopéia na qual predominavam as ervas e alguns curiosos medicamentos de origem animal- bílis de porco, baba de touro, esterco de vaca, por exemplo – ou mineral – flor de cobre e alúmen, especialmente, utilizados como cicatrizantes), até a terapêutica pelos regimes (caminhadas, hidroterapia, dieta, regimes alimentares e sexual), inventada, ao que parece, no século V e ironizada por Platão, por causa de sua longa duração. A eficácia real dos tratamentos era difícil de avaliar, certas prescrições parecem oportunas, outras inúteis ou até perigosas. Os curandeiros exerciam o monopólio quase total dos tratamentos, baseados em praticas mágicas; nas cidades e também nos santuários de Asclépio, os verdadeiros médicos deviam se impor pouco a pouco, por seu saber e seus sucessos. Os médicos aprendiam através de uma tradição familiar, que se ampliou com o passar dos anos. Em Cós, em Cnido, em Cirene, existiam centros animados por um mestre como Hipócrates; os discípulos, uma vez formados, partiam para outras cidades. 
O tratado dos Ares, água e lugares precisam que o médico, “quando chegar a uma cidade desconhecida, não ignorará nem as doenças locais, nem a noção das doenças gerais, de modo que não esteja desprevenido em relação ao tratamento das doenças e que não cometa o erro daquele que não tivesse aprofundado previamente esses dados essenciais”. Deverá fazer então uma observação atenta dos lugares e dos habitantes. Poderá instalar um verdadeiro consultório, onde os “assentos, tanto quanto possível serão de igual altura, afim de que o paciente e o médico estejam no mesmo nível...”.
Existiam tais consultas em todos os lugares? É pouco provável, mas o mundo grego está, sobretudo no século IV, evoluindo para uma infra-estrutura médica correta, com a intervenção de médicos particulares e médicos públicos chamados e pagos pela cidade; como relata Platão e depois muitas inscrições da época helenística.   

Ramos, Edu. Texto de

O Vestuário na Grécia Antiga.

O vestuário grego compunha-se apenas de pedaços de pano, que cada pessoa enrolava ao redor do próprio corpo conforme a sua vontade. A principal característica do vestuário grego é que as vestes são soltas, não tem forma própria.
Nessas condições, os arranjos do drapejamento variavam no infinito, conforme o gosto individual, a moda do momento ou a qualidade dos tecidos empregados antes das guerras médicas pelos atenienses, seguiam a moda Jônica. Preferindo o linho, às fazendas leves e transparentes, recobertas com bordados e as vestes longas, com muitas pregas unidas. Depois das guerras médicas, passaram a adotar à moda dos Dórios, os panos de lã, mais espessos cuja trama era bem unida, e vestes mais curtas e amplamente pregueadas.
As duas peças principais do vestuário, tanto para homens como para as mulheres, eram a túnica (chitón) ou o Peplo (peplos) e o manto (himátion). A túnica (quiton), usada como roupa de baixo, era um pedaço de pano pregueado no sentido longitudinal, de tal forma que um dos lados podia ficar aberto ou fechado, preso com alfinetes (perónoi), no alto, alguns alfinetes juntavam as duas pontas e marcavam nos ombros as aberturas para a cabeça e os braços, um cinto (zóne) apertava a túnica na cintura.
Os homens usavam a túnica curta (chitonískos) fechada apenas no lado esquerdo para dar maior liberdade ao braço direito. As mulheres vestiam-se com uma túnica longa e as vezes, debaixo dela, ainda usavam uma outra túnica mais leve (chitónion) que correspondia à nossa atual combinação (camisa de baixo).
Em casa não se usava manto, o himátio era um grande manto que se atirava por cima da túnica, ao sair à rua, drapejado livremente em volta do corpo. A clâmide (chlamys) tinha a mesma disposição, mas era mais curta: era a capa dos cavaleiros e em geral dos efelos atenienses. A clânide (chlanés) era um manto apropriado para o verão, de fazenda mais leve. De Esparta, chegou a moda do Tríbon, uma espécie de capa grosseira mais curta que o himátio, adotada pelos filósofos.
Normalmente as pessoas saiam de casa com a cabeça descoberta, em caso de mau tempo a cabeça era coberta com um chapéu de feltro, de forma cônica (pilos) ou com um boné de couro (kinê), em dias de sol muito forte a cabeça era protegida por um chapéu de palhas de abas largas (pétasos). As mulheres usavam penteados complicados, presos por um diadema e faixas de pano. Algumas usavam perucas e tingiam o cabelo com a cor da moda (louro claro).
Protegiam-se do sol com sombrinhas (skiádeion) e raramente saiam de casa sem um leque (rhipés, myosóbe); até fora de casa, os gregos estavam habituados a andarem descalços. O calçado comum era a sandália (krepés), simples palmilha de sola presa por correias. Nas viagens era comum usar botinas de cano alto, presas com cordões (kóthornos). As mulheres usavam uma espécie de chinelas muito elegantes e com vários formatos, cujo consumo era suficientemente grande para sustentar a arte dos sapateiros.
As mulheres gostavam de enfeitar-se com jóias, brincos, colares, anéis, pulseiras, argolas para as pernas...O luxo teve tal progresso que foi preciso exigir moderação por meio de uma legislação adequada (leis suntuarias). Em muitas cidades, havia até magistrados especiais (gynaikonómoi) encarregados de fiscalizar o vestuário e comportamento das mulheres. 

Ramos, Edu. Texto de

A Alimentação Grega. (Grécia Antiga).

Por causa do clima, os gregos estavam habituados a uma alimentação bastante frugal. Deviam sua força e saúde tanto a sobriedade como ao habito de exercícios físicos. Os cereais constituíam a base da alimentação; a farinha de trigo servia para fabricar o pão, (os gregos distinguiam os povos civilizados dos povos selvagens pelo uso do pão). A farinha de cevada era dissolvida na água ou no leite para se fazer uma papa (máza), que era o alimento habitual dos pobres. De preferência comiam-se legumes (alho, cebola, alho poro, alface, favas) e frutos (azeitonas, figos, amêndoas, uvas passas, tâmaras, romãs).
A carne raramente aparecia nas mesas: nos dias de festas, assava-se um cordeiro ou um cabrito; às vezes servia-se carne de boi, mais freqüentemente carne de porco. Como grandes caçadores que eram, os gregos apreciavam as carnes de caça: principalmente, as carnes de lebre, perdiz, codorniz e tordo. A pesca também fornecia uma parte dos alimentos, os pobres compravam sardinhas e atum dos vendedores. Comumente, tomava-se água, o vinho era reservado para os dias de festas e principalmente para os banquetes.
Em geral o grego fazia três refeições diárias, ao levantar-se, tomava uma refeição ligeira de pão e vinho puro (akratismós); ao meio dia mais ou menos, o almoço (áriston) bastante reduzido. A principal era o jantar (deîpnon), nos jantares de cerimônia, além das entradas, a mesa era servida mais duas vezes (prôtai, deúterai, trápezai), na primeira vez ofereciam-se peixes, legumes, carne; na segunda: frutas e doces. Algumas vezes antes de dormir era habitual servir uma ceia ligeira (dórpon).

Ramos, Edu. Texto de
Nos dias de festas, o jantar terminava com o banquete (sympósion). Durante o jantar, os convivas não tomavam vinho, só no final é que se provava um gole de vinho puro, ao invocar o gênio bom (Agathos Daímon), ou a saúde (Hygieia).

quarta-feira, maio 06, 2009

O Futuro da Espécie Humana.

A revolução industrial e a poluição.

Este trabalho tem por finalidade apresentar, como questão central, a degradação do meio em que vivemos; traz também alguns itens relacionados à forma com que nos relacionamos com o meio ambiente, as dificuldades em se viver nas grandes metrópoles, assim como os diversos problemas de saúde que estas cidades, devido à poluição, trazem à população. Para que tenhamos uma análise real da atual situação em que o planeta se encontra devemos analisar, primeiramente, a nossa relação com o meio; todas as nossas atitudes e o que fazemos para tentar mudar a atual situação.
Foi a partir da Revolução Industrial que a poluição passou a constituir um problema para a humanidade. Isso não apenas porque a indústria é a principal responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução Industrial representou a consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema sócio-econômico dominante hoje no planeta. E o capitalismo, que tem na indústria a sua atividade econômica de vanguarda, acarreta urbanização, com grandes concentrações humanas em algumas cidades. A própria aglomeração humana já é por si só uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas ambientais, como o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgotos, os congestionamentos de tráfego etc.
As riquezas do capitalismo, nada mais são do que mercadorias, isto é, bens e serviços produzidos, geralmente, em grande escala, para a troca e para o comércio. Praticamente tudo o que existe, e tudo que é produzido, passa a ser mercadoria com o desenvolvimento do capitalismo. Sociedades, indivíduos, natureza, espaço, mares, florestas, subsolo: tudo tem de ser útil economicamente, tudo deve ser utilizado no processo produtivo. O importante nesse processo não é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros em curto prazo. Assim, derrubam-se matas sem se importar com as conseqüências em longo prazo; acaba-se com as sociedades preconceituosamente rotuladas de “primitivas”, porque elas são vistas como empecilhos para essa forma de “progresso”, entendido como acumulação constante de riquezas, que se concentram sempre nas mãos de alguns.
A partir da Revolução Industrial, com o desenvolvimento do capitalismo, a natureza vai pouco a pouco deixando de existir para dar lugar a um meio ambiente transformado, modificado, produzido pela sociedade moderna.
O homem deixa de viver em harmonia com a natureza e passa a dominá-la. Contudo, esse domínio da tecnologia moderna sobre o natural traz conseqüências negativas para a qualidade de vida em seu ambiente. O homem, afinal, também é parte da natureza e depende dela para sobreviver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas transformações, já que elas nem sempre se devem a necessidades sociais da humanidade e sim, em grande parte, a interesses particulares de grupos e classes dominantes.

A degradação do meio ambiente.
O problema da poluição diz respeito à qualidade de vida das aglomerações humanas. A degradação do meio ambiente do homem provoca uma deterioração dessa qualidade, pois as condições ambientais são imprescindíveis para a vida, tanto no sentido biológico como no social.
Dá-se o nome de poluição a qualquer degradação (deterioração, estrago) das condições ambientais, do hábitat de uma coletividade humana. São chamados de poluentes os agentes que ocasionam a poluição, tais como um ruído excessivo, um gás nocivo na atmosfera, detritos que sujam rios ou praias ou ainda um cartaz publicitário que degrada o aspecto visual de uma paisagem. Seria possível relacionar centenas de poluentes e os tipos de poluição que ocasionam, mas vou me contentar em citar apenas alguns exemplos:
Uns desses exemplos são os agrotóxicos (inseticidas, pesticidas...), são muito utilizados para combater certos microorganismos e pragas, em especial na agricultura. Ocorre que a descarga desses produtos acaba por contaminar os alimentos com substâncias nocivas à saúde humana, às vezes até cancerígenas. 
Outro exemplo é o das chuvas ácidas, isto é, precipitações de águas atmosféricas carregadas de ácido sulfúrico e de ácido nítrico. Esses ácidos, que corroem rapidamente a lataria dos automóveis, os metais de pontes e outras construções, além de ocasionarem doenças respiratórias e da pele nas pessoas, são formados pela emissão de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio por parte de certas indústrias. Esses gases, em contato com a água da atmosfera, desencadeiam reações químicas que originam aqueles ácidos.

Os movimentos ecológicos.
Nos países capitalistas desenvolvidos, que se constituem como “sociedades de consumo”, a poluição tende a alcançar graus elevados. A publicidade intensa, voltada para o lucro das empresas, convida as pessoas a consumirem cada vez mais. As embalagens plásticas, lata ou papel tornaram-se mais importantes do que o próprio produto. A moda se altera rapidamente para que os novos produtos possam ser fabricados e lançados no mercado. A cada ano que passa as mercadorias são feitas para durarem cada vez menos, para não diminuir nunca o ritmo de crescimento: um automóvel hoje é fabricado para durar no máximo quinze anos; as habitações construídas atualmente têm duração muito menor que as do passado e o mesmo se pode dizer das roupas, além de vários outros produtos.
Mas é justamente nesses países capitalistas desenvolvidos que os movimentos ecológicos, as reivindicações populares por um ambiente melhor estão mais avançados. Isso porque a tradição democrática nessas nações é mais antiga e mais forte. Uma das principais formas de se avançar com a democracia, hoje, consiste em lutar por uma melhor qualidade de vida, o que já vem ocorrendo com as associações de consumidores, que lutam por seus direitos, com as organizações de moradores, que reivindicam certas melhorias em seus bairros ou lutam contra a instalação de alguma indústria poluidora etc.
Além disso, os cidadãos de certos paises estão exigindo e, em boa parte, conseguindo a aprovação de leis que combatam a poluição e facilitem os processos judiciais contra empresas que poluem o ambiente. Tudo isso leva os governos desses países desenvolvidos que, normalmente, têm uma certa preocupação com eleições e votos a se voltarem para a questão do meio ambiente, com planos de reurbanização de certas cidades, com a intensificação da fiscalização sobre as empresas poluidoras e com alguns tímidos projetos de reflorestamento ou preservação das poucas matas originais que restam em seus territórios.

A poluição ambiental nos países subdesenvolvidos.
Nos países subdesenvolvidos, a degradação ambiental tende a aumentar cada vez mais. O desenvolvimento do capitalismo, especialmente sob a forma atual das empresas multinacionais, vem intensificando-se nesses países. A destruição das florestas tropicais é um processo que está ocorrendo há muitos anos. A “industrialização” do campo, com a mecanização, uso intensivo de agrotóxicos e adubos químicos etc., vem contaminando os alimentos e as águas de rios, lagos e lençóis subterrâneos. 
Vem ocorrendo também a transferência de certos tipos de indústrias, geralmente as mais poluidoras ou as que necessitam de maior quantidade de mão de obra dos países capitalistas desenvolvidos para certas áreas dos países subdesenvolvidos. Nestas áreas, além de os salários serem bem mais baixos do que nos países capitalistas desenvolvidos, estas empresas não encontram leis rigorosas de proteção ao meio ambiente. Portanto, não são obrigadas a instalar filtros especiais nas chaminés, sistemas de tratamento de resíduos e outros processos antipoluidores, que iriam aumentar as despesas ou, às vezes, diminuir seus lucros.

A poluição dos rios e oceanos.
Desde os tempos mais remotos o homem costuma lançar seus detritos nos cursos de água. Até a Revolução Industrial, porém, esse procedimento não causava problemas, já que os rios, lagos e oceanos têm considerável poder de autolimpeza, de purificação. Com a industrialização, a situação começou a sofrer profundas alterações. O volume de detritos despejados nas águas tornou-se cada vez maior, superando a capacidade de purificação dos rios e oceanos, que é limitada. Além disso, passou a ser despejada na água uma grande quantidade de elementos que não são biodegradáveis, ou seja, que não são decompostos pela natureza. Tais elementos, por exemplo, os plásticos, a maioria dos detergentes, os pesticidas, vão-se acumulando nos rios, lagos e oceanos, diminuindo a capacidade de retenção de oxigênio das águas e, conseqüentemente, prejudicando a vida aquática.
A água empregada para resfriar os equipamentos nas usinas termoelétricas e atomelétricas e em alguns tipos de indústrias também causa sérios problemas de poluição. Essa água, que é lançada nos rios ainda quente, faz aumentar a temperatura da água do rio e acaba provocando a eliminação de algumas espécies de peixes, a proliferação excessiva de outras e, em alguns casos, a destruição de todas.

A poluição atmosférica.
A poluição atmosférica caracteriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e partículas sólidas no ar. A principal causa desse fenômeno são as eliminações de resíduos por certos tipos de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, de cimento etc.) e a queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aquecimento doméstico.
Nos grandes centros urbanos, tornam-se freqüentes os dias em que a poluição do ar atinge níveis críticos, seja pela ausência de ventos, seja pelas inversões térmicas, que são períodos nos quais cessam as correntes ascendentes do ar, importante para a limpeza dos poluentes acumulados nas camadas próximas à superfície.
Calcula-se que a poluição do ar tenha provocado um crescimento do teor de gás carbônico na atmosfera. Os desmatamentos contribuem bastante para isso, pois a queima das florestas produz grande quantidade de gás carbônico. Como este gás possui a propriedade de absorver calor, pelo chamado “efeito estufa”, um aumento da proporção desse gás na atmosfera pode ocasionar um aquecimento da superfície terrestre. Outra importante conseqüência da poluição atmosférica é o surgimento e a expansão de um buraco na camada de ozônio.

Os problemas ambientais dos grandes centros urbanos.
De modo geral, os problemas ecológicos são mais intensos nas grandes cidades que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição atmosférica, as metrópoles apresentam outros problemas graves:
· Acúmulo de lixo e de esgoto. Boa parte dos detritos pode ser recuperada para a produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece. Normalmente, esgotos e resíduos de industrias são despejados nos rios. Com freqüência esses rios “morrem” e tornam-se imundos e malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos baldios, o que provoca a multiplicação de ratos e insetos, trazendo doenças à população.
· Congestionamentos freqüentes, especialmente nas áreas em que o automóvel particular se desenvolveu mais que o transporte coletivo. Muitos moradores da periferia das grandes cidades, em sua maioria de baixa renda, gastam três ou quatro horas por dia só no caminho para o trabalho.
· Poluições sonoras, provocadas pelo excesso de barulho. Isso pode ocasionar neuroses na população, além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva.  
· Carência de áreas verdes (parques, reservas florestais, áreas de lazer e recreação...). Em decorrência da falta de áreas verdes agrava-se a poluição atmosférica, já que as plantas, através da fotossíntese, contribuem para a renovação do oxigênio do ar. Além disso, tal carência limita as oportunidades de lazer da população, o que faz com que muitas pessoas acabem passando seu tempo livre na frente da televisão, ou assistindo a jogos praticados por esportistas profissionais (ao invés de eles mesmos praticarem esportes).
· Poluições visuais, ocasionadas pelo grande número de cartazes publicitários, pelos edifícios que escondem a paisagem natural e etc. Na realidade, é nos grandes centros urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda natureza, alcança seu grau máximo. Quase tudo aí é artificial; e quando é algo natural, sempre acaba apresentando variações, modificações provocadas pela ação humana. O próprio clima das metrópoles, o denominado clima urbano, um tipo especifico de clima, constitui um exemplo disso. Nas grandes cidades normalmente faz mais calor e chove um pouco mais que nas áreas rurais vizinhas. 

A conscientização dos problemas causados pelos atuais modelos econômicos e de desenvolvimento.
Como podemos perceber, os problemas em que estamos mergulhados dizem respeito à forma com que encaramos nossas responsabilidades. A maneira com que resolvemos essas questões ambientais deve, mais do que nunca, ser reavaliada, pois estamos à frente das dificuldades geradas por nós mesmos, uma vez que, as formas das estruturas econômicas e das estruturas mentais dos grupos humanos que habitam os diferentes espaços geográficos são também partes integrantes deste sistema.
Para que haja desenvolvimento, em toda parte do globo, é preciso que sucessivas mudanças na área social sejam realizadas, pois não há, neste momento, como uma nação desenvolver-se equilibradamente com o meio ambiente, (principalmente nos países em desenvolvimento).
O subdesenvolvimento representa um tipo de poluição humana localizada em alguns setores abusivamente explorados pelas grandes potências industriais do mundo. O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. Como todos sabemos, o subdesenvolvimento é um produto ou subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica que é exercida nesses países, por parte das superpotências que dominam o planeta dos macacos. 
É indiscutível que a forma de desenvolvimento atual é um total fracasso, mas é indiscutível também que se pode chegar a desenvolver um mundo com estruturas sócio-econômicas e instrumentos de produção diferentes dos que se usam atualmente. É imprescindível retransformar a economia de guerra em que vivemos numa economia de paz, voltada para a obtenção de um tipo de desenvolvimento pacifico, mais igualitário e não poluidor. É necessário, portanto, repensar o nosso modo de vida, o consumismo, a produção voltada unicamente para o lucro e sem nenhuma preocupação com o planeta em que vivemos. Talvez a grande e única novidade desta crise ambiental que estamos vivendo, sirva unicamente para nos fazermos a seguinte indagação: Para onde estamos caminhando?  Com certeza absoluta, posso reafirmar aqui, que desta maneira, caminhamos para um abismo do qual não há maneiras de se salvar.
Conclui-se, portanto, que para termos condições de nos desenvolvermos de uma forma equilibrada com o meio ambiente, é preciso, antes de tudo, desenvolver um novo conceito em nossa sociedade; Este novo conceito, que me refiro agora, diz respeito à qualidade de vida e não ao consumismo desenfreado do mundo capitalista. Novas idéias, novas propostas se fazem necessário, uma vez que, o aumento descontrolado da população mundial faz com que tenhamos um aumento ainda maior no consumo de produtos nocivos à saúde humana e principalmente à saúde do planeta.       

Ramos, Edu. Texto de

Sociedades Chinesa e Andina (origens).

1.Evolução sociocultural do território Chinês.
* China: (chefatura) Dinastia Shang, o período é caracterizado por uma grande produção de artefatos de bronze, e pelo aparecimento dos primeiros estados. As culturas da idade do bronze mais antigas estão no vale do rio Amarelo, como a cultura ou Dinastia Shang (1700-1100 a.C). Essa dinastia foi a primeira a apresentar um sistema de escrita bem desenvolvido, possuía também uma cultura homogenia muito grande, sendo que a mitologia contribuiu imensamente para a formação ideológica da dinastia Shang, à qual, constitui atualmente a cultura típica chinesa (artes, ideologia, escrita...). O surgimento de uma chefatura começa pelo cunho ideológico (religião), passando pelo desenvolvimento militar e chegando conseqüentemente ao Poder Estatal.
As implicações sociais da agricultura na China.
Houve uma intensa diversificação nas praticas de subsistência durante o Neolítico final, tanto no norte como no sul da China. Os agricultores neolíticos devem, deliberadamente, ter introduzido novas espécies de plantas e animais domesticados em seu repertório, buscando reduzir os riscos de uma agricultura pouco variada. Outros dados recentes sugerem que a mudança tecnológica não foi um fator significativo para o desenvolvimento de sociedades mais complexas na China, já que as ferramentas agrícolas são semelhantes entre o período Neolítico e a idade do Bronze e sistemas de controle extensivos da água só surgiam bem mais tarde (Dinastia Han, no inicio da era cristã). É mais provável que fatores religiosos e sociais tenham motivado as populações a intensificar a produção agrícola o que, por conseguinte, teve um papel causal importante no desenvolvimento das sociedades complexas.
  
2. A domesticação de plantas e o surgimento de civilizações na costa andina.
Em principio a abundância, facilidade de captura e confiabilidade na fauna marinha sustentaram povoados sedentários suficientemente numerosos para construir os maiores monumentos do hemisfério sul durante o terceiro milênio a.C. A produtividade agrícola dos vales podia ser aumentada por meio da construção de canais de regadio cada vez mais extensos e da seleção de variedades de milho que permitiam três colheitas anuais. O clima seco minimizou o risco de perdas causadas por pragas, permitindo plantações amplas de um só cultígeno. Os excedentes podiam ser armazenados para o consumo futuro ou distribuídos a membros não-produtores da comunidade. Na costa peruana, a domesticação do milho, feijões e cabaças forneceu uma dieta balanceada, reduzindo a dependência de proteínas obtidas a partir de animais marinhos.
Formação da área (povo) Sul-americana.
Civilização Mochica: expansão sobre a extensão mais ampla da costa, com o objetivo de conquistar os vales dos rios e ampliar a sua economia; estabelecia um amplo sistema de irrigação (ao longo dos rios). Não há evidência que tenha sido um estado formal, pois indícios nos levam a acreditar que se tratava de uma chefatura.
Depois da civilização Mochica, surgiram 2 novas sociedades: Tiahuanacas, tiveram um processo de intensa militarização e expansão de seus territórios, suas economias sofreram uma integração,( a costeira baseada na pesca com a economia baseada no altiplano).
Os Huari tiveram sua origem no altiplano, construíram um império “em cima” das civilizações costeiras que enfrentavam forte crise. Com o declínio dos Tiahuanacas, surge os Incas (Quéchua), pequeno grupo étnico que vai substituir os antigos donos da área. Possuíam uma organização voltada para a economia, uma ampla área de redistribuição de seus recursos; existia também uma forte burocracia, os funcionários públicos faziam com que toda essa estrutura realmente funcionasse.
3. As sociedades indígenas e seus níveis de estruturação.
As terras baixas amazônicas incluem duas sub-regiões diferentes: (1) a várzea ou planície de inundação do rio Amazonas e seus tributários, com águas claras e (2) a terra firme ou terrenos não sujeitos a inundação ou então inundados por rios de águas claras ou negras. Estas regiões diferem em tamanho, estacionalidade para a exploração humana intensiva.
A várzea e a terra firme apresentam desafios diferentes à exploração humana. Na várzea os principais problemas são: (1) minimizar o impacto da alternância anual entre a abundância durante o período de vazante e a escassez durante o período de cheias e (2) compensar as pouco freqüentes, mas devastadoras perdas resultantes das variações do ritmo, na escala e na duração das inundações. Na terra firme, o problema é maximizar a produtividade dos recursos dispersos e facilmente esgotáveis, dentro das restrições edáficas e climáticas.
A população da várzea do baixo e médio amazonas foi eliminada pouco depois do contato com os europeus e a evidência arqueológica não apóia a existência de comunidades sedentárias densas, com organização social hierárquica. A idéia de que grupos pré-históricos da terra firme substituíram os habitantes da várzea também não tem confirmação. As comunidades autônomas estão interrrelacionadas por amplas redes de troca, caracterizadas pelo intercâmbio de mercadorias que envolvem matérias-primas disponíveis localmente. Aquele que recebe pode estar obrigado a aceitar qualquer item que lhe seja oferecido e a reciprocidade pode ser demorada. Estas redes atravessam comunidades cujas relações são normalmente hostis, expondo o negociante a um perigo mortal. Por tudo isto, podemos concluir que: não poderia haver um grupo capaz de ter alcançado um nível tal de organização e/ou estruturação sóciopolítico em território brasileiro, pois as condições aqui encontradas (geográficas) pelos povos indígenas limitava-os a uma organização menos complexa das que comparadas com outras civilizações do continente Americano.  

Ramos, Edu. Texto PROVA de

Períodos da História (síntese).

Para facilitar o estudo da história da humanidade, os historiadores costumam dividi-la em períodos, e os grandes períodos da história são:

Pré-História: que se entende da origem da humanidade até o desenvolvimento da escrita, por volta de 3500 a.C.
Idade Antiga: do desenvolvimento da escrita até a desagregação do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.
Idade Média: da desagregação do Império Romano do Ocidente até a tomada de Constantinopla pelos Turcos, em 1453.
Idade Moderna: da tomada de Constantinopla pelos turcos até a Revolução Francesa, em 1789.
Idade Contemporânea: da Revolução Francesa até os dias de hoje.
Entre a história e a pré-história.
Dentro da divisão da história elaborada  pelos europeus, a origem da humanidade e as primeiras formas de organização dos grupos humanos constituem o período mais longo de nosso passado. Assim, para facilitar o estudo, esse período também foi dividido, são eles:
Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico: vai desde a origem da humanidade até cerca de 10 mil a.C.
Idade da Pedra Polida ou Neolítico: estende-se de 10 mil a.C. até cerca de 6 mil a.C.
Idade dos Metais: abrange os dois últimos milênios que antecedem o aparecimento da escrita, por volta de 3500 a.C. Nessa fase, alguns grupos humanos substituíram a pedra por metais, como o cobre e o bronze.

O Homo Sapiens moderno.
Estima-se que o homo sapiens moderno tenha aparecido, entre 100 e 200 mil anos atrás. Assim como muitos dos seus ancestrais, ele é originário da África, de onde partiu para os outros continentes. Por volta de 30 mil anos atrás, encontrava-se espalhado por todo a Terra.

A ocupação da América.
O continente Americano provavelmente foi o último dos continentes a ser ocupado pelo ser humano. A data em que isso teria ocorrido, entretanto, é motivo de controvérsia; mas sabe-se hoje que a história dos povos americanos é bem mais rica e antiga do que os conquistadores europeus imaginavam.

Sítios Arqueológicos.
São locais onde foram preservados vestígios reconhecíveis da presença e das atividades humanas. Os vestígios ósseos (restos alimentares ou de sepultamento) conservam-se particularmente mal em regiões quentes, onde a atividade bacteriana ou a ação de raízes é intensa e as terras são geralmente ácidas. Além disso, em regiões tropicais onde havia abundância de madeira, a maioria dos instrumentos deve ter sido feita com esse tipo de matéria-prima, que é rapidamente destruída.

O Crescente Fértil.
 Os seres humanos aprenderam a cultivar vegetais e a domesticar animais; aos poucos, dentro dos grupos formados, foram se estabelecendo relações sociais cada vez mais complexas, decorrentes, entre outras razões, da diversidade das atividades de produção e da especialização do trabalho. Dessa diversificação toda, surgiram cidades, o comércio, a religião, a escrita e o Estado.
Um dos primeiro territórios, onde se desenvolveu este tipo de sociedades, está localizado entre a Europa, a Ásia e a África, e é conhecido como Crescente Fértil; recebeu este nome porque a extensão de todo esse território forma uma espécie de meia-lua. Na antiguidade, existiam na região várias áreas férteis, que a tornavam refúgio privilegiado para os grupos humanos que se deslocavam em busca de alimentos e de abrigo.    

Ramos, Edu. Texto de

Schmdl. Um alemão no Mundo Novo.

Contextualização do período.
No decorrer do século XVI, o homem europeu entrava em contato com o humanismo. Este movimento se traduziu fundamentalmente num antropocentrismo de índole peculiar. Supera-se o teocentrismo medieval, buscando a Deus no homem. O ponto de partida deste humanismo teológico é a tese da dignidade humana, que começa a considerar o homem como imagem e semelhança de Deus. 
Em suma pode-se dizer que esse humanismo e antropocentrismo próprios da cultura do Renascimento, que predomina nesta época, nos permitem entender e situar, em seu contexto, algumas das constantes mais importantes da teologia e da ação pastoral nas Índias a partir do século XVI.  
Os acontecimentos que têm lugar nas últimas décadas do século XV e primeiras do século XVI na ordem geográfica, política, econômica, cientifica, social, eclesial, teológica e cultural, constituem um conjunto de fatos de importância poucas vezes igualadas na história. Daí que tanto no ambiente geral, como entre os homens de letras, foi muito clara a consciência de estar vivendo um tempo novo ou, para dizê-lo com a expressão de Bartolomé de las Casas, “um tempo tão novo e parecido a nenhum outro”.
Época de descobrimentos, conquistas, reformas e utopias tão inesperadas como decisivas que acabam colocando a moda do novo: “a palavra novo esteve também em moda então durante algumas épocas, especialmente nas primeiras décadas do século XVI”. Num período onde aparece o ânimo de reforma e de busca da verdade, estende-se por toda à parte o ideal do homem novo, de Igreja nova e de sociedade nova. Por isso, sobrepassando o que seria apenas uma denominação geográfica, designa-se para as Índias o nome global de Novo Mundo.
Com efeito, por esses anos esteve nascendo o devotamento com interesse, cobrança alta do banco, comércio, os seguros, os câmbios da moeda. Tudo isso posicionava questões novas que são assumidas pelos teólogos e moralistas: inflação e valor do dinheiro, legitimidade e limites das ganâncias, monopólios, impostos, etc. em uma situação de profunda mudança e crises econômicas, esses moralistas se mantiveram dentro de uma perspectiva nitidamente teológica. Já a turma da moral econômica, parte dos fatos e analisam a justiça verdadeira e as injustiças disfarçadas que tratam de evitar a luz e de escapar às censuras eclesiásticas, ajudando confessores e mercadores na busca de uma moral financeira.
Em meio a todos os descobrimentos que se obteve no século XV E XVI (literatura, ciência, filosofia, arquitetura e escultura...), talvez o mais decisivo tenha sido a prática econômica, que realmente, impulsionou o período das grandes navegações. Durante o reinado de Carlos V, foram vários os pactos que possibilitaram aos banqueiros, europeus, uma participação na exploração das terras espanholas na América. Como já vimos, o cenário estava dominado pelas práticas mercantis e os reis encontravam-se, na grande maioria das vezes, sem recursos para explorar sua colônia. Devido a esta situação financeira, Carlos V permitiu a participação de estrangeiros na exploração de sua colônia na América.
Muitos banqueiros mantinham relações com o imperador. Entre os mais importantes estão: os Fugger, os Welser, Lomelilino, Grimaldi, Fornari, Schetz, entre outros. Esses foram em grande parte, responsáveis pelo financiamento de expedições que vieram ao Novo Mundo, com a finalidade de explorar a região em busca de metais preciosos. Em 1525, Carlos V, concedeu direito aos Welser de manter o comercio com as Índias e com as mesmas condições que possuíam os castelhanos. Outras vantagens foram cedidas aos alemães da época, entre elas: o governo da Venezuela.
Nesta época quase todas as companhias de mercadores possuíam representantes nos portos, inclusive na América. Dessa forma, com a concorrência nos mercados aonde chegavam os produtos monopolizados ou controlados pelos reinos, estabelecia-se uma rede comercial que se convertia em metais preciosos ou em “asintos”. Assim como ocorria em outros reinos da Europa, a concepção que orientava a ação da Espanha na América, era a do mercantilismo. Por isso, o principal objetivo era estabelecer uma balança comercial favorável ao país europeu. Podemos dizer que o ideal mercantilista associado ao “velho espírito das cruzadas medievais”, em prol de uma expansão da fé cristã, tenha sido fator decisivo nos acontecimentos que regeram esse período.
Análise do documento
O documento em questão apresenta o relato de um soldado alemão que permaneceu por quase vinte anos nas terras do Novo Mundo. Esse texto apresenta alguns aspectos importantes à época. Portanto, o leitor pode construir uma idéia aproximada das condições em que a região do Rio da Prata foi habitada, assim como, as relações entre os comandantes espanhóis e os seus comandados. 
O trabalho desse soldado alemão traz ainda um informe sobre as condições indígenas em diferentes regiões do continente sul-americano, apresentando a adaptação desses povos aos diversos climas e territórios, bem como seus hábitos e costumes. Em relação a tais indígenas, podemos dizer que conhecemos muito de sua cultura graças a textos como esse.
A obra desse alemão é uma referência as suas memórias e foi escrita de acordo com as suas concepções. Portanto, o modo com que o autor registrou as suas lembranças, do território indígena, está diretamente relacionada à maneira com que freqüentemente, o invasor via essas populações, ou seja, uma gente bárbara que deveria ser morta ou escravizada. Além disso, o autor deixou registrado, também, as diferenças que existiam entre os seus superiores, tomando muitas vezes, partido de um dos lados.
Contudo, pode-se dizer então, que tal obra nos apresenta informações valiosas e que estas, nos servem como base em nossos estudos, nos servindo como uma importantíssima fonte de estudo sob o modelo e a forma de opressão, imposta aos indígenas pelo modelo administrativo espanhol do século XVI nessa parte do continente.

Ulrico (Utz) Schmidl.
Ulrico Schmidl, soldado alemão nascido no ano de 1509, em Straunbing (Baviera), fez parte da expedição espanhola comandada por Pedro de Mendonza ao Rio da Prata. Serviu a armada espanhola como um mercenário (landsknecht). Participou na exploração dos rios Paraná, Paraguai e chaco chegando até o Peru. Das muitas missões que esteve presente, teve a oportunidade de assistir, inclusive, à fundação de Buenos Aires e Assunção. 
A esquadra que partiu do porto de Sanlúcar de Barrameda (Espanha), em 24 de agosto de 1534 com fins de colonização e exploração do Rio da Prata e da qual Schmidl fez parte, compunha-se de 16 naves e 2500 homens. Foi a maior expedição espanhola com fins de colonização.
Schmidl passou quase vinte anos na América, regressou ao seu país após permissão concedida a ele pelo seu comandante Martinez de Irala. Porém, possuía a ordem de entregar ao Rei de Espanha um relatório sobre os principais acontecimentos da administração espanhola no novo continente.
Assim que chegou a Europa, cumpriu com a sua obrigação e dirigiu-se à Sevilha, logo após para Amberes onde registrou a sua aventura na América. A obra de Schmidl, “Derrotero y Viaje a España y lãs Índias, 1534-1554”, ao que se sabe, é do ano de 1567, estando o manuscrito original em Sttugart (Alemanha).
Alguns estudiosos como Juan Maria Gutierrez e Bartolomé Mitre, o consideram como sendo o primeiro historiador do Rio da Prata. Isto porque, sua obra contém inúmeras referências sobre a vida dos colonizadores, assim como um relato precioso sobre a vida e os costumes dos indígenas. Permite, portanto, uma analise sobre tal sociedade nos primeiros anos da fundação de Buenos Aires e Assunção, bem como os diversos aspectos relacionados à geografia da região onde as tropas, espanholas, marcharam.  

A crônica como fonte historiográfica
   Crônica é um gênero literário que, a princípio, era um "relato cronológico dos fatos sucedidos em qualquer lugar", isto é, uma narração de episódios históricos. Essa relação de tempo e memória está relacionada com a sua origem grega. Da palavra, Chronos, que significa tempo. Portanto, a crônica, desde sua origem, é um "relato em permanente relação com o tempo, de onde tira, como memória escrita, sua matéria principal, o que fica do vivido".
Esta breve introdução serve para termos uma idéia ao que estamos nos referindo. Isto porque, a grande questão a ser abordada, aqui, refere-se ao uso da crônica como fonte historiográfica. Seu uso seria ou não uma boa alternativa em tais estudos? Em outras palavras, eu diria que a crônica não só é um excelente material como, também, caracteriza-se por ser um ótimo meio, alternativo, de entrarmos em contato com uma outra realidade até então desconhecida. 
Contudo, devemos deixar claro que tais relatos representam o modo com que o autor via e/ou vê as diferentes questões de seu tempo. Para que possamos realizar tal análise, devemos, antes de tudo, estarmos atentos às influências da época refletidas na obra. Isto tudo, para não cometermos o erro de não avaliarmos tais circunstâncias. O que, conseqüentemente, prejudicaria, em muito, a análise de tal documento.
A obra do soldado alemão, Ulrico Schmidl, é um bom exemplo do que foi dito até então. Em seu trabalho, Schmidl, coloca as dificuldades em que passou durante o período em que fez parte da expedição ao rio da prata. Seus tormentos e as suas glorias estão registradas de uma forma em que o leitor, em algum momento, passa a compactuar com a brutalidade e a violência dos soldados espanhóis. O que levou esses homens à tamanha aventura? É possível que nunca saibamos, de fato, as verdadeiras forças motivadoras de tais acontecimentos. Mas o que foi registrado nos serve como fonte para que possamos conhecer alguns aspectos relacionados à época em que os ibéricos invadiram o continente americano.
Em sua crônica, Schmidl, deixa claro sua visão de soldado. Inclusive, opinando sobre o seu comandante: Cabeza de Vaca. Segundo o Schmidl, seu comandante “não valia grande coisa”, isto porque, era indiferente com seus soldados. Porém, existem obras que trazem o Cabeza de Vaca como herói, exaltando a sua pessoa. Duas posições que representam muita bem a interpretação que se deve ter em analisar tais documentos. A crônica deve ser, antes de tudo, um objeto a ser utilizado, mas com as merecidas ressalvas. ,
Neste sentido, a crônica utilizada como fonte historiográfica é sem dúvida alguma, um meio importantíssimo na busca de novos conhecimentos, porém, com as devidas ressalvas,  as crônicas devem ser mais bem exploradas. Pois, estas representam novas possibilidades de conhecimento, além de se caracterizarem como uma fonte secundária de estudo.

                                         Referência Bibliográfica

FEDERMAN, N. e SCHMIDL, U. Alemanes en América. Madri: Alianza Ed., 1992 (crónicas de América).
Ramos, Edu. Texto de

terça-feira, maio 05, 2009

A revolução planetária.

A partir de 1492, as jovens nações européias se lançam à conquista do Globo e através da aventura da guerra, da morte, suscitar a era planetária.
Copérnico concebe o sistema que faz girar os planetas, inclusive a Terra, em volta deles mesmos e em volta do sol. Eis, portanto, os começos do que chamamos Tempos Modernos, e que deveria chamar-se era planetária. A era planetária começa com a descoberta de que a Terra não é senão um planeta e com a entrada em comunicação das diversas partes desse planeta.
A Europa deve reconhecer a pluralidade dos mundos humanos e a provincialidade da área judaico-islamo-cristã. Assim como a Terra não é o centro do cosmos, a Europa não é o centro do mundo. Sobretudo tal revolução não revolucionará verdadeiramente o mundo oeste-europeu onde ela surgiu: este irá esquecer sua provincialidade ao instalar seu reino sobre o planeta; ira esquecer a provincialidade da Terra ao se convencer de que a ciência e a técnica farão dele o senhor do mundo.
Os começos da era planetária.
A era plantaria começa pelas primeiras interações microbianas e humanas, depois pelas trocas vegetais e animais entre Velho e Novo Mundo. Os vírus que disseminam doenças lançam-se sobre os ameríndios. Os europeus introduzem em seu solo o milho, a batata, o feijão e etc. levam para a América os carneiros, os bovinos, os cavalos, os cereais, e etc. a América se povoa de herbívoros domesticados e se entrega à cultura intensiva do algodão, da cana-de-açúcar e do café.
A Europa conhece um desenvolvimento acelerado. As trocas se intensificam dentro dela. As cidades, o capitalismo, o Estado-nação, depois a indústria e a técnica, ganham um impulso que nenhuma civilização conheceu ainda. Através de guerras, os paises europeus desenvolveram um formidável poderio econômico, marítimo, militar, em especial a Inglaterra, que a partir do séc. XVIII, irá cobrir o Globo.
A ocidentalização do mundo começa tanto pela imigração de europeus nas Américas e na Austrália quanto pela implantação da civilização européia, de suas armas, de suas técnicas, de suas concepções, em todos os seus escritórios, postos avançados, zonas de penetração. A era planetária se desenvolve através da violência, da destruição, da escravidão. É a idade de ferro planetária, na qual estamos ainda. 
Ocidentalização do Mundo.
No séc. XIX, a idade de ferro planetária é marcada pelo formidável desenvolvimento do imperialismo europeu, em primeiro lugar britânico, que lhe assegurava o domínio do mundo. As nações que haviam se emancipado, na América ou em qualquer outro lugar do mundo, nasciam de acordo com as normas e concepções da Europa ocidental. Assim, através do colonialismo e da emancipação das colônias de povoamento, a ocidentalização do mundo marca a nova fase da era planetária. O surto econômico faz com que, aos poucos, a economia se torne mundial acirrando as concorrências e os conflitos.
A mundialização das Idéias.
A mundialização das idéias se opera, inicialmente, com as religiões universalistas, pois estas, se abriam para todos os homens da Terra. No séc. XVIII, o humanismo das Luzes atribuiu a todos os seres humanos um espírito apto à razão e lhe confere uma igualdade de direitos. As idéias da Revolução Francesa, ao se generalizarem, internacionalizam os princípios dos direitos do homem e do direito dos povos. No séc. XIX, a teoria evolucionista de Darwin faz de todos os seres humanos os descendentes de um mesmo primata, e as ciências biológicas vão reconhecer a unidade da espécie humana. Se se admite a unidade da espécie humana, tende-se também a compartimentá-la nas raças hierarquizadas em superiores e inferiores. Se o direito dos povos é reconhecido, certas nações se julgam superiores e se dão por missão guiar ou dominar toda a humanidade.
A mundialização pela guerra.
O processo de mundialização faz com que, em algumas regiões do mundo, tenhamos conflitos entre diversas nações; são os interesses locais contrários ao interesse mundial, fazendo da guerra um laço que une os povos através da morte. A guerra torna-se total, mobilizando militarmente, economicamente e psicologicamente as populações, devastando os campos, destruindo as cidades, bombardeando as populações civis. 
Da esperança à ameaça damocleana.
 Imensas esperanças num mundo novo, de paz e de justiça, ganham corpo com a destruição do nazismo após a segunda grande guerra. Esperança que não se confirmou, pois, logo em seguida o mundo encontrava-se dividido em dois blocos, travando em toda parte do planeta, uma guerra ideológica sem remissão. O medo de um conflito nuclear fazia-se presente em meio à população. Com o desmoronamento do totalitarismo do leste, os problemas da economia dos paises subdesenvolvidos não se resolveram e nem produziu naturalmente uma ordem pacifica no planeta. O que temos presenciado, nos últimos anos, é o progresso, o desenvolvimento tecno-industrial que degrada, polui os rios e o ar, comprometendo a vida neste planeta. Assim, uma morte de um novo tipo se introduziu na atmosfera de vida da qual a humanidade faz parte.
A mundialização econômica.
A economia mundial é cada vez mais um todo interdependente: cada uma de suas partes tornou-se dependente do todo, e, reciprocamente, o todo sofre as perturbações e vicissitudes que afetam as partes.
A mundialização econômica unifica e divide, iguala e desiguala. Os desenvolvimentos do mundo ocidental e do leste asiático tendem a reduzir nessas regiões as desigualdades, mas essa desigualdade aumenta em escala global, entre os desenvolvidos e subdesenvolvido; Com isso, as crises sociais aumentam consideravelmente. O desemprego e a violência atingem índices extremamente elevados, forçando a população a desenvolver outros métodos de sobrevivência, muitos desses métodos, acabam tornando-se ilegais.
O holograma.
Não apenas cada parte do mundo faz cada vez mais parte do mundo, mas o mundo enquanto todo está cada vez mais presente em cada uma de suas partes. Isso se verifica não só para as nações e os povos, mas também para os indivíduos. Da mesma forma que cada ponto de um holograma contém a informação do todo de que faz parte, doravante cada indivíduo também recebe ou consome as informações e as substâncias vindas de todo o universo. Geralmente, tais informações, são consumidas por pessoas que, de alguma forma, possuem condições para isto. Tal afirmação deve-se ao fato de estarmos todos inseridos no contexto planetário; mas isto não significa, que tenhamos, todos, as mesmas condições de vida. Dessa forma, trabalhamos e produzimos, mas não fazemos parte deste circulo de conforto planetário, pois, não possuímos meios para tal realização.
Os esboços de uma consciência planetária.
A despeito de todas as regressões e inconsciências, há um esboço de consciência planetária, na segunda metade do séc. XX, a partir de:
1. A persistência de uma ameaça nuclear global, pois, o medo de uma guerra nuclear nos leva a uma consciência planetária.
2. A formação de uma consciência ecológica  planetária: É preciso avaliar a nossa maneira de desenvolvimento, isto porque, as degradações e poluições, fazem com que tenhamos que conviver com a ameaça constante de um planeta cada vez mais aquecido pelo efeito estufa.
3. A entrada no mundo do terceiro mundo: a ocidentalização do mundo fez com que os paises subdesenvolvidos apresentassem algum desenvolvimento, embora a desigualdade social seja um problema grave, pois, na verdade esses problemas demografia, alimentação, desenvolvimento e etc. sejam sentidos cada vez mais como os problemas do próprio mundo.
4. O desenvolvimento da mundialização civilizacional: esta se desenvolve para pior e para melhor; para pior, acarreta destruições culturais irremediáveis, homogeneíza e padroniza os costumes, os hábitos, o consumo... Mas essa mundialização opera também para o melhor porque produz hábitos e costumes comuns através das fronteiras nacionais, étnicas e religiosas, rompendo com a incompreensão entre indivíduos ou povos.
5. O desenvolvimento de uma mundialização cultural: enquanto a noção de civilização recobre essencialmente tudo o que é universalizável: técnicas, objetos, habilidades, modos e gêneros de vida baseados no uso e consumo dessas técnicas e objetos, a noção de cultura recobre tudo o que é singular e original a uma nação.
6. A formação de um folclore planetário: ao longo desse século, os meios de comunicação produziram e difundiram um folclore mundial a partir de temas originais oriundos de culturas diferentes. O cinema torno-se arte e ao mesmo tempo indústria.
7. A teleparticipação planetária: o mundo chega diariamente em caleidoscópio aos lares, na hora da refeição, pelas imagens que nos mostra as notícias de todo o canto do planeta.
A Terra vista da Terra: o planeta Terra revelou-se recentemente aos olhares dos terráqueos. Doravante essa presença planetária, difundida e multiplicada nos jornais, pôsteres e camisetas, encontrou em cada um sua morada. Assim, de forma ainda intermitente, mas múltipla, a global mind se desenvolve. 
Surgimento da humanidade.
A espécie humana e o planeta podem se revelar em sua unidade, não apenas física e biosférica, mas também histórica: a da era planetária. Migrações e mestiçagens, produtoras de novas sociedades poliétnicas, policulturais, parecem anunciar a Pátria comum a todos os humanos, mas as forças de rejeição permanecem muito fortes. A mundialidade aumenta, mas o mundialismo ainda mal desperta.

Ramos, Edu. Texto de