Os gregos da época clássica possuíam meios eficazes para tratar suas doenças. Embora , a mortalidade infantil fosse grande e muitas doenças levavam os adultos a um desfecho fatal. As pestes dizimavam certas cidades, como a famosa peste de Atenas. Um tifo, na realidade, causador de uma grande devastação, descrita por Tucídides. Outras doenças menos espetaculares, porém endêmicas, atingiram sorrateiramente a população: tuberculose, malária, parasitoses (causadas pelo consumo de carne ou legumes deteriorados), febres diversas (mencionadas pelo corpus hipocrático e muitas vezes difíceis de identificar), entre as quais: a febre tifóide. As epidemias e doenças contagiosas parecem ser um tanto raras, assim como as doenças cardiovasculares, cânceres, e demais doenças que os próprios gregos antigos identificaram ou que foram identificadas posteriormente, graças aos sintomas descritos.
Entre as doenças de garganta e do aparelho respiratório, pleurisia, pneumonia, angina, amigdalite, difteria, asmas são registradas, assim como várias doenças renais e urinárias e diversas afecções do aparelho digestivo (disenterias, hemorragias intestinais, úlceras, hepatite), do sistema nervoso (epilepsia, meningite, loucura), das articulações e ossos (principalmente artrites e reumatismos), dos olhos dentes e ouvidos (otites, parotidites). A depressão nervosa capaz de provocar suicídio parece rara, mas é registrada.
As infecções eram freqüentes como conseqüência dos ferimentos e podiam acarretar a gangrena. As septicemias consecutivas ao parto ou aborto ameaçam seriamente a população feminina, que estava, aliás, sujeita, evidentemente, a afecções específicas. Calculou-se que, para assegurar a simples renovação da população, em vista da alta mortalidade infantil, estimada em 50%, a mulher grega devia em média, dar à luz a, no mínimo, cinco filhos. Fadigas e riscos são, pois, multiplicados para ela e na realidade, sua esperança de vida é menor que a do homem, apesar dos perigos que este corria na guerra. A duração média de vida era para o homem de 43 à 45 anos, e para a mulher de 34 à 36 anos somente.
Traumatismos diversos afligiam sobre tudo a população masculina, principalmente os ferimentos devidos ao esporte, à caça ou à guerra e aos acidentes de trabalho; os que não morriam em conseqüência deles podiam ficar mutilados. Mas entre os deficientes, aparentemente bastante numerosos, que ião peregrinar ao santuário de Asclépio, muitos eram sem dúvida atingidos por má formação congênita. A terapêutica da época clássica nada pôde contra esses males; por isso o recurso a Asclépio, de quem se espera um milagre.
Os tratamentos aplicados aos doentes eram diversos. Desde a terapêutica tradicional, (massagens, ventosas, lavagens, supositórios, fumigações, sangrias, remédios da farmacopéia na qual predominavam as ervas e alguns curiosos medicamentos de origem animal- bílis de porco, baba de touro, esterco de vaca, por exemplo – ou mineral – flor de cobre e alúmen, especialmente, utilizados como cicatrizantes), até a terapêutica pelos regimes (caminhadas, hidroterapia, dieta, regimes alimentares e sexual), inventada, ao que parece, no século V e ironizada por Platão, por causa de sua longa duração. A eficácia real dos tratamentos era difícil de avaliar, certas prescrições parecem oportunas, outras inúteis ou até perigosas. Os curandeiros exerciam o monopólio quase total dos tratamentos, baseados em praticas mágicas; nas cidades e também nos santuários de Asclépio, os verdadeiros médicos deviam se impor pouco a pouco, por seu saber e seus sucessos. Os médicos aprendiam através de uma tradição familiar, que se ampliou com o passar dos anos. Em Cós, em Cnido, em Cirene, existiam centros animados por um mestre como Hipócrates; os discípulos, uma vez formados, partiam para outras cidades.
O tratado dos Ares, água e lugares precisam que o médico, “quando chegar a uma cidade desconhecida, não ignorará nem as doenças locais, nem a noção das doenças gerais, de modo que não esteja desprevenido em relação ao tratamento das doenças e que não cometa o erro daquele que não tivesse aprofundado previamente esses dados essenciais”. Deverá fazer então uma observação atenta dos lugares e dos habitantes. Poderá instalar um verdadeiro consultório, onde os “assentos, tanto quanto possível serão de igual altura, afim de que o paciente e o médico estejam no mesmo nível...”.
Existiam tais consultas em todos os lugares? É pouco provável, mas o mundo grego está, sobretudo no século IV, evoluindo para uma infra-estrutura médica correta, com a intervenção de médicos particulares e médicos públicos chamados e pagos pela cidade; como relata Platão e depois muitas inscrições da época helenística.
Ramos, Edu. Texto de
muito bom adorei esse texto parabéns para vcs
ResponderExcluirAmei este site, pena que acabou.
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