Este trabalho tem por objetivo apresentar os textos de Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fenart (Teorias da Etnicidade), bem como o artigo de Edgar Salvadori de Deca (As metáforas da identidade em raízes do Brasil: decifra-me ou te devoro), em auxílio a uma análise dos textos de Hobsbawm (Dentro e fora da História e Não basta a História da Identidade) apresentados em seus ensaios “Sobre a História”.
Como bem sabemos, questões relacionadas ao pertencimento fazem parte de incontáveis estudos e discussões, no entanto devemos estar atento para as mais variadas versões históricas que abundam nos dias de hoje. Isto é o que nos alertam os historiadores preocupados com a história que vem sendo feita; muitas vezes criadas de acordo com a imaginação de certos autores e com nenhuma preocupação com os fatos históricos.
Dessa maneira, os textos de Hobsbawm, já citados, introduzem o leitor a uma das indiscutíveis necessidades do homem: o pertencimento. A idéia que fazemos de uma sociedade, seja ela qual for, passa antes por uma inevitável comparação histórica com nossa própria sociedade. Pois segundo Eric o passado é um elemento essencial para a formação de nossa identidade cultural e também para as mais diversas ideologias, sejam elas: nacionalistas, étnicas ou fundamentalistas.
Em outras palavras, falar de identidade é falar daquilo que nos caracteriza ou o que os antropólogos entendem por etnicidade: traços que exprimem o aspecto auto-reflexivo de uma cultura e que pode vir a representar um ponto forte de afirmação de uma coletividade. Esta etnicidade, segundo Poutignat e Streiff-Fenart, não se manifesta sob condição de isolamento, é, ao contrário, a intensificação das interações do indivíduo com o mundo que torna salientes tais identidades étnicas.
Entende-se, então, que a pouca ou total ausência dessas interações podem ser supridas pela manipulação do passado, capaz de fornecer algo que o presente não pode proporcionar. Pois, o esquecimento ou mesmo a má interpretação de tais fatos pode representar um fator essencial na formação de uma nação. É o que Edgar Deca nos fala em seu artigo, quando se refere às metáforas utilizadas por Buarque de Holanda na tentativa que se teve de construir um ideário nacional brasileiro, e o que também é reiterado, inúmeras vezes, por Eric Hobsbawm.
Conclui-se, portanto, que independentemente de uma identidade étnica ter sido criada ou inventada, não implica, necessariamente, que não seja autêntica ou que as pessoas que a reivindicam estejam agindo de má fé. Pois, de acordo com o que foi visto aqui, tais memórias podem, sim, serem frutos de um passado glorioso, mas também podem ter sido, tão somente, fruto de um inigualável sofrimento compartilhado por algum determinado grupo social.
Referencias bibliográficas. (Edu Ramos. trabalho universitário)
· Poutignat, Philippe e Streiff-Fenart, Jocelyne. Teorias da Etnicidade (Seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth). Capítulos 5 e 6. SP. Ed. Unesp, 1998.
· de Deca, Edgar Salvadori. As metáforas da identidade em raízes do Brasil: decifra-me ou te devoro. Artigo do Scielo. 2006.
· Eric Hobsbawm. Sobre História (Ensaios). SP. Companhia das Letras. 1998.
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