segunda-feira, abril 27, 2009

O Sertão do Brasil Colonial.

A ocupação do território brasileiro começou a consolidar-se com os engenhos de açúcar no litoral. A partir de então começa a ocupação do sertão, todavia, a metrópole não contava com o forte impulso, originado em São Paulo de Piratininga, na caça implacável dos indígenas. A velocidade do povoamento, o empenho em novas descobertas sempre mais para o interior e a expansão dos rebanhos bovinos tampouco podiam ser previstos. A própria forma com que surgiam as vilas era surpreendente. Originavam-se, por exemplo: de missões religiosas, capelas de devoção, feiras de gado, ranchos de pouso de tropeiros e até a partir de reuniões de lavradores e agregados expulsos pelo dono de uma propriedade.
O grande número de povoados nas áreas de mineração resultou do enorme contingente populacional para elas deslocadas. Mesmo assim, a América portuguesa ainda parecia despovoada e essa idéia de grandes vazios incultos e desabitados aparece como um dos elementos definidores da noção de “sertão”. Na época colonial, de fato, tal característica sem dúvida era acentuada pelos ermos que um viajante se obrigava a percorrer entre os locais povoados.
Entre todos os meios empregados para “invadir” o sertão, um merece destaque: a concessão de generosas extensões de terra em sesmarias; este método propiciou a expansão da pecuária bovina principalmente nas regiões do nordeste e na ocupação territorial do atual e valoroso estado do RIO GRANDE DO SUL, dando origem ao seu tipo humano mais característico, o GAÚCHO. O tal vaqueiro responsável pela fazenda tinha todo interesse em cuidar bem do gado, pois seu pagamento era um de cada quatro bezerros nascidos. Assim podia arrendar um trato de terra na própria fazenda e ao cabo de certo tempo transformar-se ele próprio em dono de terras para tocar seu criatório.
O trabalho com o gado não se ressume aos homens que trabalhavam em fazendas. Existia também, outra espécie de vaqueiro conhecido apenas como tropeiros. Esses homens, além de sua função característica, de transportar o gado, tornaram-se indispensáveis em outras atividades. Eram os emissários oficiais, o correio e o transmissor de notícias. Era o intermediário de negócios, o portador de recados, bilhetes, o aviador de encomendas e receitas; sempre prestando inestimável ajuda aos que se haviam embrenhado nas vastidões sem fim dos sertões brasileiros.
A situação não era a mesma no nordeste onde a população em geral sofria com a seca. Os vaqueiros desta região sofriam ainda mais com a situação, onde lhes faltava de um tudo. Por vezes esses homens eram identificados como sendo tapuias. Já em território paulista, os colonos não abriam mão do trabalho indígena, tanto na lavoura quanto em casa, o que deu origem a um lucrativo negócio, pois os nativos escravizados podiam ser vendidos também pelas capitanias.
Quanto ao modus vivendi dessa população, podemos dizer que: mesmo aqueles que possuíam algum prestígio viviam em condições lastimáveis, tamanha falta de higiene no que faziam e principalmente aonde viviam. Suas casas eram miseráveis choupanas, não possuíam assoalho e os compartimentos eram irregulares. Viviam como bárbaros em uma terra sem lei dominada por aventureiros capazes de qualquer coisa; assim era o sertão do Brasil, uma terra onde até os representantes Del’Rei possuíam medo e/ou receio em se aventurar.
Apesar de o padrão lusitano predominar no sertão, esta parte interna sempre foi percebida e entendida como diferente do litoral. Entretanto, não se pode ignorar o esforço do Estado para integrar ambas as realidades sob um padrão único (mesmo em beneficio próprio). A articulação interna entre as principais áreas econômicas era fato irreversível, com um fluxo de mercadorias envolvendo em particular o ouro, gado, escravos, manufaturas e gêneros de subsistência.


BIBLIOGRÁFIA (Ramos, Edu. Texto de)
· ARAUJO, Emanuel...

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