O trabalho de Carlos Fausto, “Os Índios antes do Brasil”, conceitua-se pela tentativa de analisar os diferentes aspectos relacionados à organização sóciopolítico, indígena, assim como a ocupação territorial por parte desses povos que aqui viviam às vésperas da chegada dos portugueses. O autor procurou traçar um paralelo entre essas diferentes formas de organização tribal vigente à época da invasão européia. Esta obra nos permite, então, ter uma visão continental, mas nos possibilita, também, uma análise às diversas regiões em que se desenvolveram as tribos que habitavam o Brasil. Analisando, portanto, questões já citadas como: a estrutura organizacional destas tribos e as condições em que se deram à expansão desses povos pelo território brasileiro. Através de trabalhos realizados por diferentes pesquisadores o autor passa, então, a procurar indícios para sustentar o seu raciocínio levando o leitor às diversas indagações referentes à questão principal que é: procurar algo que comprove a existência em nosso território de uma sociedade diferenciada, das demais, em sua organização.
Através da sua obra o autor nos revela as inúmeras diferenças existentes nas diversas civilizações que aqui viviam e embora não tenha florescido aqui uma civilização capaz de cultivar intensamente o solo, domesticar animais, dominar a metalurgia e conhecer a imagem do poder; ao contrário do que aconteceu nos Andes, cujos traços ficaram marcados em pedra e metal, não significa que nas terras baixas não se desenvolveram sociedades politicamente centralizadas, estratificadas e urbanas; não, obviamente, aos moldes do povo inca. Com base nas informações contidas no livro pode-se começar a admitir a hipótese de excluir, portanto, esta mentalidade que se faz presente nos diversos estudos sobre o tema: a de que em nosso território não houve uma sociedade complexa. Pois está mais do que claro que às vésperas da conquista, este era um continente que acolhia diversas formas de articulação social, econômica e política em escala local e regional, deixando claro, portanto, que nenhuma sociedade poderia viver à sombra de outra; como citam em seus trabalhos alguns autores relacionados ao tema.
Segundo o autor estas tristes confirmações, até então incontestáveis por muitos pesquisadores, podem começar a fazer parte do passado, pois nem todas são verdadeiras. Os argumentos que dizem respeito a essas informações estão expressas, na obra, em forma de comparações entre os diversos autores que se preocuparam em estudar o assunto. Carlos Fausto, entretanto, nos deixa claro que as coisas são mais complicadas do que parecem; isto porque, não há dados seguros para afirmar, nem para negar, que estas sociedades (que aqui viveram e ainda vivem) estavam ou não organizados em grandes unidades políticas, hierarquizadas, socialmente estratificadas e fundadas em um modo de produção intensivo. O autor passa, então, a sustentar sua teoria com base em trabalhos como os de: Curt Nimuendaju e Claude Lévi Strauss, por exemplo, onde estes contestam as afirmações feitas por Steward em relação aos Jê do Brasil centro-oriental. Pois este via os indígenas do cerrado como repositórios de culturas marginalizadas. De uma imagem primitiva dada aos Jê por Steward, eles passaram a ser visto como um povo praticante de uma sofisticada economia bimodal, que combinava períodos de dispersão com outros de agregação em grandes aldeias, estruturadas internamente. Este é um exemplo simples da forma com que o autor conduz o seu trabalho.
Com base nos registros que possuímos e nos estudos realizados em diferentes áreas de pesquisa, poderíamos classificar este e outros tantos, trabalhos, como uma nobre tentativa de tentar rever o modo com que nos relacionamos com a nossa história, pois é preciso deixar de lado a visão eurocentrica do conquistador que, ainda, se faz presente em nossos dias; para que assim possamos produzir trabalhos destinados à obtenção de resultados que nos identifique com certeza qual era, exatamente, o nível de organização que predominava entre as diversas tribos e, principalmente, se existia aquilo que classificamos ao longo deste trabalho como sociedade complexa.
Poderíamos, então, através de uma simples indagação, concluir que aos diferentes aspectos organizacionais e culturais aqui encontrados pelos conquistadores europeus, tenha causado, a estes, um profundo impacto sobre os seus costumes culturais de cunho absolutamente religioso, ligados, ainda, a um pensamento medieval; motivando, conseqüentemente, um movimento discriminatório, contra tudo que lhes era desconhecido. Acredito que esta seja a explicação para que desde a época das conquistas não se tenha visto a cultura dos nossos indígenas, da mesma forma que foi vista as de outras populações da América, classificando-as ao longo da história como, sendo estas, culturas marginalizadas.
Biobibliografia.
· FAUSTO, Carlos.
· Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, PPGAS-Museu Nacional – UFRJ
· Pós Doutorado__Centre National de la Recherche Scientifique, CNRS, Paris, França
· Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.UFRJ
· Titulo: A Dialética da Predação e Familiarização entre os Parakanã da Amazônia Oriental
· Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ
· Titulo: Os Parakanã: Dravidianato e Casamento Avuncular na Amazônia
· Graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo
· Autor de diversos artigos publicados em periódicos; participação em bancas de trabalhos de conclusão, dissertação de mestrado e doutorado.
· Possui, também, livros publicados entre eles:
· Inimigos Fiéis: História, Guerra e Xamanismo na Amazônia, São Paulo EDUSP, 2001.
· Os Índios Antes do Brasil, Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2000, v.1. p.94.
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