sábado, dezembro 22, 2012

A Revolução Cubana.

Como sabemos a Revolução de 1959 em Cuba mudou a trajetória nacional. O que precisamos entender também é que os acontecimentos anteriores ao processo revolucionário contribuíram muito para o surgimento de um ambiente hostil. Desde sua independência junto à Espanha, Cuba sofreu com a proximidade dos EUA que fez valer sua influência e interesses frente aos cubanos. Obviamente, o interesse norte-americano estava em garantir matéria prima cubana e angariar mais um mercado consumidor. Tal interesse teve como conseqüência direta a concentração de terras, de centrais açucareiras e de engenhos nas mãos de uma classe dominante com forte influência na política de Cuba. Para muitos a intromissão americana nos assuntos do país representavam um novo modelo de colonialismo, assim o povo cubano necessitava se libertar pela segunda vez. De fato, não tardou para que o confronto acontecesse, no entanto, o que se pôde observar em Cuba foi um período de extrema fragilidade democrática, período este que surge a figura de Fulgêncio Batista, um homem com forte influência política e que assume a presidência a partir de 1940. Entretanto, foi na década de 50 quando Batista retorna a presidência do país que observamos a organização de movimentos de resistência (contrários a eleição de Batista), que passam a colocar a luta armada como principal método de ação política. Nesse contexto, surge a figura de Fidel Castro engajado na causa, em que segundo ele, traria o retorno da normalidade democrática, uma vez que, o governo de Batista possuía as características de um governo ditatorial. O programa de revolução era claro em seus objetivos, pretendia-se apresentar medidas eficazes à reforma agrária (nacionalização de empresas que prestassem serviços públicos, assim como, uma melhora nas condições de vida de grande parte da população que vivia em situação de extrema precariedade. Para isso, era necessário criar acesso a moradia, emprego, educação e saúde. Porém, havia setores da burguesia (tanto urbano quanto rural) que se valiam dessa situação de penúria em que se apresentava a população, isto porque, dependiam daquela mão-de-obra barata. De qualquer forma, mesmo que isso acontecesse e mesmo que o capital norte-americano abastecesse esse sistema ligado a burguesia cubana, mesmo assim, o plano do grupo guerrilheiro liderados por Fidel mantinha-se fiel ao objetivo de derrubar o presidente Batista. As ações armadas passaram a ser mais freqüentes, com embates cada vez mais violentos, resultando em inúmeras perdas humanas de ambos os lados. Contudo, mesmo que as forças revolucionárias tenham conseguido chegar ao poder vale a pena refletirmos se as mudanças ocorreram como haviam sido planejadas. Ora, sabemos que antes da revolução Cuba apresentava índices de desenvolvimento capitalista igual ou superior a muitos países latinos. É verdade que a pobreza existia, mas os cubanos caminhavam em busca de seu desenvolvimento econômico e social, algo que foi abruptamente interrompido por um governo que se dizia revolucionário, mas que nada fez para se diferenciar do anterior.

Paulo E. Ramos


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