Como sabemos
a Revolução de 1959 em Cuba mudou a trajetória nacional. O que precisamos
entender também é que os acontecimentos anteriores ao processo revolucionário
contribuíram muito para o surgimento de um ambiente hostil. Desde sua
independência junto à Espanha, Cuba sofreu com a proximidade dos EUA que fez
valer sua influência e interesses frente aos cubanos. Obviamente, o interesse
norte-americano estava em garantir matéria prima cubana e angariar mais um
mercado consumidor. Tal interesse teve como conseqüência direta a concentração
de terras, de centrais açucareiras e de engenhos nas mãos de uma classe dominante
com forte influência na política de Cuba. Para muitos a
intromissão americana nos assuntos do país representavam um novo modelo de
colonialismo, assim o povo cubano necessitava se libertar pela segunda vez. De
fato, não tardou para que o confronto acontecesse, no entanto, o que se pôde
observar em Cuba foi um período de extrema fragilidade democrática, período
este que surge a figura de Fulgêncio Batista, um homem com forte influência
política e que assume a presidência a partir de 1940. Entretanto,
foi na década de 50 quando Batista retorna a presidência do país que observamos
a organização de movimentos de resistência (contrários a eleição de Batista),
que passam a colocar a luta armada como principal método de ação política.
Nesse contexto, surge a figura de Fidel Castro engajado na causa, em que
segundo ele, traria o retorno da normalidade democrática, uma vez que, o
governo de Batista possuía as características de um governo ditatorial. O programa de
revolução era claro em seus objetivos, pretendia-se apresentar medidas eficazes
à reforma agrária (nacionalização de empresas que prestassem serviços públicos,
assim como, uma melhora nas condições de vida de grande parte da população que
vivia em situação de extrema precariedade. Para isso, era
necessário criar acesso a moradia, emprego, educação e saúde. Porém, havia
setores da burguesia (tanto urbano quanto rural) que se valiam dessa situação
de penúria em que se apresentava a população, isto porque, dependiam daquela
mão-de-obra barata. De qualquer forma, mesmo que isso acontecesse e mesmo que o
capital norte-americano abastecesse esse sistema ligado a burguesia cubana,
mesmo assim, o plano do grupo guerrilheiro liderados por Fidel mantinha-se fiel
ao objetivo de derrubar o presidente Batista. As ações
armadas passaram a ser mais freqüentes, com embates cada vez mais violentos,
resultando em inúmeras perdas humanas de ambos os lados. Contudo, mesmo que as
forças revolucionárias tenham conseguido chegar ao poder vale a pena
refletirmos se as mudanças ocorreram como haviam sido planejadas. Ora, sabemos
que antes da revolução Cuba apresentava índices de desenvolvimento capitalista
igual ou superior a muitos países latinos. É verdade que a pobreza existia, mas
os cubanos caminhavam em busca de seu desenvolvimento econômico e social, algo
que foi abruptamente interrompido por um governo que se dizia revolucionário,
mas que nada fez para se diferenciar do anterior.
Paulo E. Ramos
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