De acordo com
o texto de Matilde Zimmermann, a Revolução na Nicarágua foi a mais plena
manifestação de um povo na tentativa de governar seu próprio país; haja vista a
constante interferência norte-americana na administração do presidente
Anastasio Somoza.
Somado a
isso, temos o descontentamento geral da classe operaria, dos jovens, dos
estudantes e de uma massa popular que se alinhavam para combater a ofensiva da
Guarda Nacional que espalhava pânico e violência entre os manifestantes.
Em contra partida, tal violência não foi capaz
de diminuir ou aterrorizar aqueles que a enfrentavam. Pelo contrário, o número de manifestante
aumentava consideravelmente. Muitos, mesmo não sendo filiados a nenhuma facção,
diziam apoiar a FSLN na luta contra os pró-somozistas. Com isso, observou-se um
crescimento considerável da FSLN, no entanto, as divisões internas também
começaram a florescer.
Conflitos de
idéias e/ou pensamentos sobre o rumo da Revolução fizeram com que alas do
movimento se encarregassem de determinados assuntos, assim coube a alguns o
campo de batalha e a outros as tribunas da arena política.
Dessa forma,
surgiram ações e documentos emblemáticos sobre a Revolução. O mais interessante
diz respeito aos documentos terceiristas
que afirmam que todas as classes tomaram parte do movimento contribuindo a sua
maneira para o sucesso da operação. Ora, sabemos que a burguesia contraria as
idéias de Somoza dificilmente não tomaria para si a liderança do movimento. Na
prática não foi o que se observou. Tão pouco, tais documentos chegaram a
circular entre a população.
Entretanto, o
descontentamento contra a Guarda Nacional e o presidente Somoza continuavam a
aumentar e os protestos varreram o país de ponta a ponta com uma organização
invejável, fazendo com que os EUA, através de seu presidente Jimmy Carter,
organizasse um comitê mediador, com integrantes da OEA entre as forças que se
apresentavam para governar a Nicarágua.
Obviamente, tal reunião não atendeu seu
propósito, à medida que os revoltosos da FSLN não seriam contemplados com a
participação efetiva em um novo governo. Assim sendo, os enfrentamentos continuaram
ao passo que uma profunda crise econômica e social tomava conta de todo o país.
As condições de vida, mesmo nas grandes cidades, eram precárias e os programas
sociais pouco ou nada contribuíram para amenizar. De tal forma, se observa ai
que as insurreições urbanas eram oriundas dos bairros da classe operaria
justamente as classes que mais sofriam com os ataques violentos de Somoza.
Contudo,
mesmo contando com a influência americana (contraria a idéia de que a FSLN
assumisse o poder). Somoza declararia que estava disposto a renunciar, mas que
os EUA o apoiariam para retardar este acontecimento. Após essa declaração
Somoza refugiou-se nos EUA e os revolucionários assumiram o controle do país
ainda na década de 70.
Paulo E. Ramos
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