Com o termino da segunda guerra vislumbrou-se a possibilidade de uma
nova ordem mundial, talvez algo utópico como a paz mundial e/ou o acesso aos
bens de consumo, enfim, o que se viu foi exatamente o contrario. A tensão entre as duas grandes potências que surgiram, EUA e União
Soviética, fez com que esses países estipulassem suas áreas de influência ao
redor do mundo. A América Latina há muito vinha sentindo os efeitos da política
expansionista norte-americana, mas foi na década de cinqüenta que a ação se fez
ainda mais presente. E mesmo que os EUA não tenha se preocupado tanto com os países latinos
nas décadas seguintes, pois esteve envolvido na guerra do Vietnã e em outros
conflitos, os acordos firmados em décadas anteriores garantiram a interferência
americana sobre esses países. Tais acordos não eram somente da ordem econômica,
visavam também a cooperação militar diante de um inimigo comum ou algo que
desequilibrasse a ordem democrática. Como sabemos, houve exceções diante de todo esse contexto. Cuba, a
poucas horas da Flórida, mostrou-se, através de sua Revolução, competente em
criar pânico entre as burguesias latino-americanas desencadeando uma série de
golpes militares em várias regiões. Isso se deveu ao fato de que as elites
dirigentes latino-americanas não tardaram em aproveitar as oportunidades que o
início da guerra fria lhes oferecia. Do lado militar o que se pode afirmar é que as ditaduras militares
contavam com a benevolência dos Estados Unidos na medida em que se destacavam
na luta contra o comunismo. Entretanto, a Revolução Cubana, com a vitória de
Fidel, provocou uma série de Revoluções em toda a América Latina, naturalmente,
em muitos lugares isso não passou de uma frustrada tentativa. As ações cubanas pendiam claramente para o lado dos soviéticos; mais
tarde, tal união proporcionou para a ilha uma série de investimentos, entre os
quais, o principal era o armamento. Os mísseis que seriam instalados em
território cubano logo seriam descobertos pelos americanos que reagiram e
cobraram explicações sobre o fato além de apertar o embargo econômico que já
assolava a ilha. Cuba se viu em meio a uma guerra de gigantes e a sua Revolução
provocou um autêntico trauma em toda a América Latina. Para os progressistas se
converteu num exemplo, pois mostrou que era possível fazer as reformas sociais
mesmo sem a aprovação norte-americana. Já para as classes burguesas isso
representava em curto prazo um risco a sua própria existência. Dessa forma, o jogo de interesses avançava e com freqüência as
agitações políticas e militares assolavam os países latinos, pois com
constância o fantasma comunista era evocado impedindo qualquer tentativa de
reforma.
Paulo E. Ramos.
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