sábado, dezembro 22, 2012

Fim do Século na América Latina: êxitos econômicos, frustrações sociais e desenganos políticos (1999 – 2000).

No inicio dos anos noventa a América Latina apresentou uma notável recuperação econômica que logo a colocou entre as principais zonas emergentes do planeta, entretanto, mostrou-se vulnerável as turbulências internacionais e também às reformas no campo social. No plano político, a incapacidade dos governos para resolver problemas relacionados à violência e corrupção gerou um profundo desencanto com relação ao funcionamento da democracia ainda fragilizada. Em diversos países se registraram situações de ingovernabilidade; do ponto de vista interno surgiram líderes neopopulistas. Já do ponto de vista externo relançou-se a integração regional numa tentativa de criar instrumentos de gestão pública regional. Surge uma América Latina mais confiante em especial ao que se refere às negociações com os EUA. Tal recuperação econômica deveu-se em muito a uma nova forma de administração que incorporava itens, antes inimagináveis para os padrões de administração latina, tipo: privatizações e reformas sociais. A abertura das economias seguiu progredindo na segunda metade dos anos noventa, com exceção da Colômbia e da Bolívia. Com isso, os resultados das reformas apontaram um crescimento econômico e de estabilização formidável, mas foi o controle da inflação que contribuiu para impulsionar novamente alguns países. Infelizmente as ações positivas no campo econômico não se estenderam até as classes menos favorecidas, pois os índices de desenvolvimento humano e social ainda estavam abaixo dos índices asiáticos, por exemplo. A desigualdade e a violência ainda assolavam a América Latina. Ao final do século XX e início do XXI a América Latina era seguramente o continente mais violento do mundo. Tal violência afetou também as relações sociais, já corrompidas por uma rivalidade, inclusive de ódio, que se apoderou de certos espaços sociais excluídos pelo poder público que se debatia nas alternâncias e pactos políticos em busca de votos para uma possível eleição ou reeleição. Com os candidatos já eleitos surgiram alguns modelos de pactos para governar, no entanto, foram insuficientes para dissolver os problemas de governabilidade das democracias latino-americanas uma vez que duravam pouco e eram constantemente pressionados pelas exigências da economia mundial. Pode-se dizer que surgiram sim vários desenganos políticos em meio a todas essas mudanças, como alguns Presidentes que não corresponderam ao esperado devido à falta de qualificação ou apoio político. Outros demonstraram certa afinidade com modelos de cunho revolucionário/socialista. Métodos ultrapassados de governo cujo potencial é propício para desencadear novas ditaduras como no caso da Venezuela que vive atualmente numa espécie de regime político “maquiado” por uma tentativa revolucionaria e socialista. Atitude deslocada de seu tempo, algo totalmente desproporcional diante do contexto que se apresenta o início do século XXI. De resto, o que ficou foi a tentativa de uma aproximação maior entre as nações; uma integração regional que teve início, principalmente, com a criação de blocos de cooperação econômica, como o MERCOSUL, por exemplo.

Paulo E. Ramos.

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