No inicio dos anos noventa a América Latina apresentou uma notável
recuperação econômica que logo a colocou entre as principais zonas emergentes
do planeta, entretanto, mostrou-se vulnerável as turbulências internacionais e
também às reformas no campo social. No plano político, a incapacidade dos governos para resolver problemas
relacionados à violência e corrupção gerou um profundo desencanto com relação
ao funcionamento da democracia ainda fragilizada. Em diversos países se registraram situações de ingovernabilidade; do
ponto de vista interno surgiram líderes neopopulistas. Já do ponto de vista
externo relançou-se a integração regional numa tentativa de criar instrumentos
de gestão pública regional. Surge uma América Latina mais confiante em especial
ao que se refere às negociações com os EUA. Tal recuperação econômica deveu-se em muito a uma nova forma de
administração que incorporava itens, antes inimagináveis para os padrões de
administração latina, tipo: privatizações e reformas sociais. A abertura das economias seguiu progredindo na segunda metade dos anos
noventa, com exceção da Colômbia e da Bolívia. Com isso, os resultados das
reformas apontaram um crescimento econômico e de estabilização formidável, mas
foi o controle da inflação que contribuiu para impulsionar novamente alguns
países. Infelizmente as ações positivas no campo econômico não se estenderam
até as classes menos favorecidas, pois os índices de desenvolvimento humano e
social ainda estavam abaixo dos índices asiáticos, por exemplo. A desigualdade
e a violência ainda assolavam a América Latina. Ao final do século XX e início do XXI a América Latina era seguramente
o continente mais violento do mundo. Tal violência afetou também as relações
sociais, já corrompidas por uma rivalidade, inclusive de ódio, que se apoderou
de certos espaços sociais excluídos pelo poder público que se debatia nas
alternâncias e pactos políticos em busca de votos para uma possível eleição ou
reeleição. Com os candidatos já eleitos surgiram alguns modelos de pactos para
governar, no entanto, foram insuficientes para dissolver os problemas de
governabilidade das democracias latino-americanas uma vez que duravam pouco e
eram constantemente pressionados pelas exigências da economia mundial. Pode-se dizer que surgiram sim vários desenganos políticos em meio a
todas essas mudanças, como alguns Presidentes que não corresponderam ao
esperado devido à falta de qualificação ou apoio político. Outros demonstraram certa
afinidade com modelos de cunho revolucionário/socialista. Métodos ultrapassados
de governo cujo potencial é propício para desencadear novas ditaduras como no
caso da Venezuela que vive atualmente numa espécie de regime político
“maquiado” por uma tentativa revolucionaria e socialista. Atitude deslocada de
seu tempo, algo totalmente desproporcional diante do contexto que se apresenta
o início do século XXI. De resto, o que ficou foi a
tentativa de uma aproximação maior entre as nações; uma integração regional que
teve início, principalmente, com a criação de blocos de cooperação econômica,
como o MERCOSUL, por exemplo.
Paulo E. Ramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário