Os anos sombrios se caracterizam pelo período compreendido,
principalmente, entre a Revolução Peruana de 1968 e a Nicaraguense de 1979,
pois o contexto que se seguiu foi de um panorama autoritário, violento e
sanguinário, em praticamente toda a América Latina. Enquanto que no cenário internacional as potencias mundiais convergiam
para um melhor entendimento, demarcando sua área de ação, o “terceiro mundo” se
fazia presente afirmando-se como um importante ator na medida em que seu
território também se transformava em cenário desses enfrentamentos ideológicos,
uma vez que o nacionalismo existente era grande e contribuía para que essas
novas expressões políticas pudessem modificar o seu panorama nacional. Os anos de 1968 1969 marcam a criação da CECLA (Comissão Especial de
Coordenação Latino-Americana) dentro da OEA. Era nada mais do que a vontade
latino-americana de se fazer ouvir. Pois, através dessa comissão de vozes que
denunciavam os EUA de impedir o desenvolvimento da região ficava mais evidente. Esse descontentamento era revelado sistematicamente pelos líderes de
esquerda que aproveitaram o momento para realizar ações de cunho socialista,
por exemplo: A Revolução Humanista no Peru que se concretizou ao apoiar
reformas fundamentais como a agrária. Os governos revolucionários geralmente caracterizavam-se
pela vontade de modificar a estrutura piramidal da sociedade e para isso não se
cansavam em mobilizar os setores mais desfavorecidos das classes sociais. Tal ação foi comum em diferentes países da América Latina. O que os
diferenciavam eram algumas peculiaridades regionais. No Peru, na Bolívia, na
Nicarágua, no Chile, Argentina, Uruguai... todos sem exceção foram movidos pela
vontade de fazer algo diferente, no entanto, devido às características de sua
economia e principalmente de seu povo é que essa mudanças se tornavam algo mais
traumático do que em outros lugares. Dessa forma, a América Latina entrou nos anos setenta com um modelo de
desenvolvimento praticamente igual à de anos anteriores. A industrialização por
substituição de importações trouxe certo crescimento, entretanto, trouxe também
muitos desequilíbrios, principalmente, no campo social onde observamos um
favorecimento às elites oligárquicas em detrimento das classes operarias, algo
também visto no âmbito econômico. Se confrontarmos esses dados com o crescimento demográfico ocorrido,
iremos perceber que o número da pobreza
aumentara consideravelmente. Como se percebe, esse modelo industrial, permitido
pelos EUA à America Latina, era capaz de suprir o mercado interno basicamente
de produtos dispensáveis a grande maioria da população, sendo necessário que as
importações (em sua grande maioria estadunidense) continuassem em ritmo
acelerado, manifestando um déficit crônico na balança comercial desses países. Diante dessas agitações, os movimentos sociais reagiram e foram
repreendidos violentamente. Contudo, as manifestações não pararam e encontraram
abrigo na classe operaria, nos movimentos estudantis e em diversos setores do
núcleo urbano e rural. Tais movimentos entraram em efervescência uma vez que
diferentes ditaduras instalaram-se em praticamente toda a latino-américa.
Paulo E. Ramos.
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